Passadiço, local destinado para manobra do navio, onde se comanda a embarcação. Disposto dos mais variados equipamentos, cada um com essencial função, com diferentes características e grau de importância – alguns menos importantes, outros extremamente necessários, mas todos desempenhando papel específico para locomoção do navio.

Dividindo os equipamentos em subgrupos, determinam-se os os essenciais, como:

• Instrumentos para medidas de direções .

• Responsáveis pela velocidade e distância percorrida.

• Equipamentos de desenho e plotagem.

• Dispositivos para medição de profundidades.

Em cada um desses subgrupos, há equipamentos que se encaixam de acordo com as funções desempenhadas

Instrumentos para medidas de direções.

Neste tópico, abrangem-se as agulhas magnéticas e os dispositivos para marcações e azimutes.

No primeiro caso, há uma instalada no tijupá – convés acima do passadiço – chamada de agulha padrão. Encontra-se nesse lugar para ficar o mais livre de influências possível. Existe outra, que atende pelo nome de agulha de governo , colocada no passadiço, por ante avante da roda do leme. Pela agulha padrão, determinam-se os rumos e marcações. Já a agulha de governo serve, basicamente, para o governo do navio.

Um desenvolvimento recente da agulha magnética é a agulha eletrônica, que baseia seu funcionamento na medida do campo magnético terrestre. A instalação dela à bordo é simples, a apresentação do rumo é geralmente digital e não existem partes móveis. Além disso, ela pode ser usada em latitudes mais elevadas que uma bússola convencional.

Tratando-se das marcações e azimutes, tem-se o Espelho azimutal, que visa a obtenção da marcação de um ponto de terra e do azimute de um astro. Há ainda a agulha magnética digital de mão , que possibilita a leitura de marcações magnéticas com precisão. E, por fim, existe a bússola digital com dispositivo de visão noturna, que permite leituras digitais precisas de marcações.

Responsáveis pela velocidade e distância percorrida.

É fundamental conhecer a velocidade com que se desloca o navio e, a partir deste valor, a distância percorrida em um determinado período de tempo. Ademais, o conhecimento da velocidade é essencial para o estabelecimento de ETA (estimated time of arrival – tempo estimado para chegada) em portos ou pontos da derrota e de rendez-vous com outros navios ou forças no mar.

Para desempenhar essa função, têm-se , aos odômetros ou os velocímetros (speedmeters).

Os odômetros podem ser classificados em: 

  • odômetro de superfície;
  • odômetro de fundo; 
  • odômetro Doppler. 

Os dois primeiros tipos medem a velocidade do navio na superfície, isto é, em relação à massa d’água circundante (depois a velocidade é integrada em relação ao tempo e transformada em distância percorrida). O odômetro Doppler é capaz de medir a velocidade em relação ao fundo.

Atualmente, os navios mantêm o odômetro de superfície como equipamento de emergência, pois são de fácil montagem.

Sobre o odômetro de fundo, sua principal característica é expressa pelo fato de obter indicações diretas de velocidade. O registrador de distância depende do funcionamento satisfatório do mecanismo integrador. Em contrapartida, ele dá indicações pouco corretas à baixa velocidade, exceto em modelos especiais.

O odômetro doppler possui, no casco do navio, um transdutor de emissão e um de recepção. Um sinal de frequência ultrassonora é emitido (como se fosse um ecobatímetro) e o receptor capta o sinal refletido pelo fundo do mar ou por pequenas partículas na água. A velocidade é integrada, também eletronicamente, e assim é obtida a distância navegada.

O odômetro doppler é o único que mede a velocidade no fundo. As indicações dos outros tipos estão influenciadas pelos movimentos devidos às correntes oceânicas, correntes de marés, ventos etc.

Ele também tem a vantagem de poder indicar velocidades muito pequenas.

Os velocímetros, normalmente, não requerem maiores cuidados, bem como permitem ajustes em suas leituras, devendo ser verificados de tempos em tempos, através da corrida da milha, que deve ser feita em condições de pouco vento e corrente. O cálculo da velocidade em função da corrida da milha permite que se façam os ajustes necessários para maior precisão do velocímetro

Os odômetros e velocímetros necessitam de aferição e calibragem periódica, a fim de verificar-se a exatidão de suas indicações. Para isto, recorre-se a vários processos, os quais, na sua essência, consistem todos em aferir rigorosamente a distância percorrida durante um certo intervalo de tempo. 

Na ausência de odômetros e velocímetros, um processo prático, muito adotado, e que dá razoável precisão, principalmente no caso de pequenas velocidades, consiste em lançarmos pela proa da embarcação e para vante, um objeto flutuante e visível, tomando-se o tempo que ele leva desde que passa pela proa até chegar à popa. Devemos usar um cronômetro para determinação do tempo e observar exatamente o passar do objeto pela proa e pela popa, uma vez que um dos elementos para o cálculo da velocidade é o comprimento da embarcação.

Equipamentos de desenho e plotagem.

Vários instrumentos são utilizados para plotagem de pontos e desenhos, a fim de registrar informações necessárias para uma navegação segura, conhecendo, assim, o local pelo qual a embarcação se deslocará – seu relevo, embarcações próximas, áreas de encalhamento e outras também fundamentais. São eles:

  • Réguas paralelas e plotadores.

A régua paralela constitui a ferramenta tradicional do navegante para determinar a direção de qualquer linha traçada na carta náutica e para traçar uma linha em uma direção especificada.Para determinar a direção de uma linha traçada na carta, a régua paralela deve ser deslocada para uma das rosas de rumos representadas na carta náutica, com o cuidado de mantê-la sempre paralela à linha de referência, durante todo o movimento da régua. Alcançada a rosa de rumos, faz-se a leitura da direção verdadeira desejada, tendo-se o cuidado para não tomar a recíproca.

Existem réguas paralelas (tipo Captain Fields) que possuem uma graduação que facilita o seu uso, pois dispensam o deslocamento da régua até a rosa de rumos, utilizando como referência para leitura das direções qualquer meridiano.

De qualquer forma, se, durante o seu movimento, a régua paralela escorregar, ou deslizar, deve-se começar de novo todo o procedimento. Para evitar estes inconvenientes, existem os plotadores- paralelos (parallel plotters), que possuem roletes que se deslocam paralelamente sobre a carta, mantendo seu alinhamento original.

  • Compasso de Navegação

Os compassos são instrumentos essenciais na navegação, para medida de distâncias sobre a carta náutica, para cartear posições, para plotagem da posição estimada, para o traçado da LDP (Linha de Posição), distância e do alcance de faróis e outros auxílios à navegação.

É importante que os compassos empregados em navegação sejam capazes de manter exatamente uma abertura neles introduzida, a fim de preservar a precisão das distâncias com eles traçadas ou por eles medidas.

  • Estaciógrafo

O estaciógrafo é um instrumento muito útil a bordo, especialmente para a plotagem da posição por segmentos capazes.

O estaciógrafo é, então, colocado sobre a carta e orientado de modo que as bordas-índices dos três braços tangenciam as representações cartográficas dos três objetos observados. A posição do navio, ou embarcação, estará no centro do instrumento, podendo ser marcada a lápis, através de um pequeno orifício existente.

  • Transferidor Universal (TU)

Seu uso é bastante conveniente, tanto no CIC, como no passadiço ou camarim de navegação dos navios maiores. O TU é fixado no canto superior esquerdo da mesa de navegação. Para utilizá-lo, a carta náutica também deve ser fixada à mesa de navegação, normalmente com fita gomada.

A régua do TU é orientada segundo os meridianos da carta, sendo, então, fixada em posição, lendo 000° / 180°. A partir daí, a régua pode ser movida para qualquer posição da carta e a direção na qual está alinhada lida na rosa graduada existente no centro do instrumento.

  • Binóculos e Lunetas

Os instrumentos utilizados na navegação para aumentar o poder da visão são os binóculos e as lunetas ou óculos de alcance. Atualmente, são usados na navegação tipos sofisticados de binóculos. Muitos incorporam agulhas magnéticas (bússolas), para obtenção de marcações magnéticas, e são à prova d’água.

Além desses essenciais, há outros aparelhos diversos que também são de suma importância para desenho e plotagem, como:

  • Lápis e borrachas 
  • Lupa
  • Esquadros e transferidores
  • Calculadora Eletrônica
  • Cronógrafo

Dispositivos para medição de profundidades.

A profundidade é um dado de fundamental importância para a segurança do navio, ou embarcação, na navegação costeira e, especialmente, quando se trafega em águas restritas. Tanto as profundidades, como as curvas isobatimétricas – linhas que interligam pontos de mesma profundidade e permitem visualizar a topografia submarina –  constituem informações muito valiosas para o navegante.

Basicamente, o navegante determina a profundidade da posição em que se encontra com um ou mais dos seguintes propósitos: 

Avaliar se a profundidade medida oferece perigo, tendo em vista o calado do seu navio, ou embarcação.

Comparar a profundidade medida com a registrada na carta náutica para a posição por ele determinada, como um meio de verificar essa posição.

Para determinar profundidades, o navegante, normalmente, dispõe dos seguintes meios: 

  • Prumo de mão.

É um aparelho que consiste em um peso de chumbo de forma troncônica, denominado Chumbada, tendo na parte superior uma alça, ou um orifício, e na base um cavado, onde se coloca sabão ou sebo, com a finalidade de trazer uma amostra da qualidade do fundo, indicando a tensa.

  • Máquina de sondar

Esse instrumento é, em síntese,  é um prumo mecânico, para grandes profundidades, onde o lançamento e o recolhimento são feitos por intermédio de tambores ou guinchos, acoplados ou não a um motor elétrico. A linha de barca foi substituída por um cabo de aço e a chumbada por outra de maior peso. Dentro da chumbada podem ser colocados tubos químicos que indicarão a máxima profundidade a que foram arriados; podem ser, também, acoplados acessórios denominados “busca-fundo”, que colhem amostras do fundo, para determinação da tensão.

  • Ecobatímetro.

Um feixe de ondas sonoras ou ultra-sonoras é transmitido verticalmente por um emissor instalado no casco do navio; tal feixe atravessa o meio líquido até o fundo e aí se reflete, voltando à superfície, onde é detectado por um receptor.

Os ecobatímetros, ou sondas sonoras, apresentam vantagens sobre os prumos de mão ou mecânicos, pois permitem sondagens contínuas com qualquer velocidade do navio, em profundidades não alcançadas por eles, e quase independentemente das condições de tempo.

Todos esses equipamentos são de inteira responsabilidade da tripulação que trabalha no passadiço. Medições, plotagens e diversas  verificações devem ser feitas todos os dias, todas as horas. E com o passar dos anos, mais equipamentos chegam e passam e ser essenciais para navegação. Nas embarcações contemporâneas, tais instrumentos vão ficando cada vez mais robotizados, até mesmo substituem funções. Mas o fato é que, seja no século XV os nos tempos remotos; nas grandes navegações ou nas guerras mundiais, sempre fez-se, faz-se e se fará necessário o uso dos equipamentos de navegação.