Diário do Pratica – PON Pedro Henrique

O Jornal Pelicano entrevistou o Praticante a Oficial de Náutica Pedro Henrique Ribeiro Ferreira, que nos contou um pouco mais de sua experiência a bordo de um navio Offshore.

O que de mais valioso você aprendeu na EFOMM que levou para a praticagem?
Acredito que a disciplina e a relação interpessoal. A bordo há uma rotina e é importante que você a mantenha. Seja com o cumprimento de horários e responsabilidades, horas de sono, alimentação, atividade física, estudo ou horas de lazer. Você precisa saber administrar bem seu tempo a bordo, e isso requer disciplina, para que você mantenha uma boa saúde física e mental. Além disso, você tem que lidar com muitas pessoas em um espaço limitado que é o navio, sem contar com a distância de seus familiares, o cansaço depois de horas ou dias de serviço, e problemas pessoais. Então é muito importante saber respeitar o espaço do próximo. Saber o que, como e quando falar. Na maioria das vezes, você passa mais tempo com sua tripulação do que com sua família, então é essencial que se mantenha um ambiente harmonioso. E parte dessa convivência e confinamento a gente presencia na escola.

Como foi a adaptação ao navio?
Não vou mentir, nos primeiros dias de praticagem bate um leve desespero, porque é tudo novo e muita coisa pra aprender, mas calma que isso é normal. Logo eu me adaptei e a tripulação tem uma grande parcela nisso. Eles me recepcionaram muito bem e todos dispostos a me ajudar. E, no meu caso, estou sempre mudando de embarcação, de acordo com o regime de praticagem da empresa. Então a cada mudança de navio há uma nova readaptação, o que eu encaro como algo agregador. Você lida com outros tipos de operação (AHTS – Anchor Handling Tug Supply- servem de apoio para operações de ancoragem e OTSV – Offshore Terminal Supply Vessel, até então) e outros profissionais. Portanto, você acaba presenciando outras formas de trabalhar, pontos positivos e negativos, e exemplos para sua formação como oficial.

Quais são os maiores desafios da praticagem?
Para mim o maior desafio é agregar o máximo de conhecimento possível durante a praticagem. Esse é o momento de aprendizagem. É o momento que, de certa forma, é compreensível errar. E Praticante erra. É normal. Porém você deve estar sempre buscando conhecimento, sanando todas as dúvidas, perguntando, praticando e participando das atividades para adquirir experiência. Isso é o diferencial.

Como é a sua rotina a bordo?
Sou do ramo Offshore, então, costumam ser 12 horas trabalhadas por dia. Já tirei serviço de 0600 às 1800. Atualmente, tiro de 0600 as 1200 e 1800 as 2400. Assim, costumo tirar o horário da madrugada somente para dormir, e o da tarde para ver tv, ir à academia, estudar ou dormir. E o serviço, na maioria das vezes, é no passadiço, mas também há dias de convés, dependendo da orientação do Comandante e do Imediato.

Teve algum fato que te chamou atenção? (Algum acidente, uma passagem perigosa, algo inusitado).
Ainda não presenciei nada tão excepcional assim. Só uma vez que pegamos um mau tempo na Bacia de Santos com ondas de 4 a 5 metros. Toda a tripulação ficou uns 2 dias sem dormir direito devido ao balanço do barco.

Como foi o processo seletivo da praticagem?
Seleção de currículo de acordo com a classificação, duas entrevistas, realização do ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) e, por fim, ambientação na empresa, onde fui informado da minha primeira embarcação e data de embarque.

Se você pudesse dar um conselho para os alunos da EFOMM, qual seria?
Aproveitem a escola, participem das atividades extraclasse, façam boas amizades. Aluno costuma reclamar durante os 3 anos, mas é um período que passa rápido. Quando você se dá conta, já está no terceiro ano contando os dias pra formatura. E o que fica são as boas (e más) lembranças, que viram história. E claro, é bom estudar e buscar informações e notícias para se manter atualizado em relação à profissão e ao mercado de trabalho.