Com o soar da corneta às 0330, era anunciada a Alvorada da segunda-feira, dia 7 de setembro. Diferente do usual toque da sirene às 0600 para despertar o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), o grupamento escolar devia estar fardado e formado na Alameda Alegrete às 0420, antes do sol despontar no horizonte. E lá estavam: alunos dos 3 anos escolares, voluntários em sua grande maioria, trajando o uniforme azul marinho “jaquetão”.

As três viaturas que saíram de nossa Organização Militar deixaram os alunos da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) na Av. Presidente Vargas por volta das 0520, onde os preparativos finais para o Desfile do 7 de setembro estavam em andamento. De veículos anfíbios e tanques de guerra, a caminhões de bombeiros e ambulâncias, todos recebiam os retoques finais ao longo da avenida. Enquanto chegavam ao local grupamentos de outras forças, armadas e civis, nossos mercantes, acompanhados pela banda do CIAGA, bradavam o hino de nossa Escola, mostrando nossa conhecida vibração logo cedo.

No decorrer da manhã, o público foi se posicionando nas arquibancadas ou passando pelos grupamentos na avenida, ao som das mais diversas bandas presentes, para animar aquele nublado dia festivo. A Policia Militar estima a participação de 3 mil militares, 500 civis e 500 estudantes, dentre os 15 mil presentes no Centro da Cidade para prestigiar o desfile. O evento contou com representações da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro, da Força Aérea Brasileira, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal, escolas militares e municipais, grupamentos de associações e entidades civis (como a União dos Escoteiros do Brasil e a Academia de Patrulha Civil de Resgate e a Cruz Vermelha).

Gen Ramos em revista a tropa. (Foto: Al. Colares/Jornal Pelicano)
Gen Ramos em revista a tropa. (Foto: Al. Colares/Jornal Pelicano)

O Exmo. Sr. Gen Div Luiz Eduardo Ramos, escolhido em 2011 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para comandar as tropas de paz no Haiti, passou em revista à tropa em cima de um veículo anfíbio. Ao passar pelo grupamento da EFOMM, prestou continência para a Bandeira do Brasil nas mãos do Comandante Aluno Erick Nanjara.

Às 0900, o Exmo. Sr. Alte Esq Elis Treidler Öberg foi recebido no palanque com as honras militares dos demais oficiais presentes. O atual Comandante de Operações Navais, que passou o antigo cargo de Diretor Geral de Navegação para o Exmo. Sr. Alte Esq Paulo Cezar de Quadros Küster – também presente – em cerimônia sediada no CIAGA, presidiu o evento, na ausência do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Exmo. Sr. Luiz Fernando Pezão.

Fogo Sagrado a frente do Pantheon de Caxias, palanque dos oficiais. (Foto: Al. Colares/ Jornal Pelicano)
Fogo Sagrado a frente do Pantheon de Caxias, palanque dos oficiais. (Foto: Al. Colares/ Jornal Pelicano)

“O Fogo Simbólico da Pátria traduz o sentimento cívico dos brasileiros, e com o seu calor, brilho e esplendor, aquece os mais nobres sentimentos de amor ao Brasil”

Do Pantheon de Caxias, em frente ao Palácio Duque de Caxias, o vogal anunciou a chegada do Fogo Simbólico da Pátria, conduzido pelo 2º Sargento do Quadro Especial do Exército Flávio Oliveira Godoy. O atleta foi semifinalista dos 800m rasos nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), campeão na mesma categoria no 7º Jogos Ibero Americanos de Madellín (1996) e quebrou o record dos mesmos 800m na primeira edição dos Jogos Olímpicos Militares na Itália (1995). O acendimento da pira pelo diretor da Liga de Defesa Nacional Sidney Monteiro desencadeou o canto do Hino da Independência, pelo coral “Vozes do Forte de Copacabana”, e a melodia pela Banda de Música do 1º Batalhão de Guardas, acompanhados por uma salva de 21 tiros de canhão obus 105mm do 31º Grupo de Artilharia de Campanha.

Desfile do Dia da Independência do Brasil.

Grupamento Escolar da EFOMM no desfile em continência. (Foto: Al. Bruna Lúcio/ Jornal Pelicano)
Grupamento Escolar da EFOMM no desfile em continência. (Foto: Al. Bruna Lúcio/ Jornal Pelicano)

Ao som da banda do Comando Militar do Leste (CML), o grupamento de abertura, composto por 21 motociclistas das 3 Forças Armadas, deu início ao desfile. A exuberante cavalaria dos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) os seguiu. Vale destacar a presença dos nossos heróis da Segunda Guerra Mundial, os Ex-combatentes Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (FEB), e os vencedores dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto. Os atletas representaram seu país impecavelmente, com 257 medalhas, dentre elas 109 de ouro, mais que o dobro do 2º lugar, o anfitrião Canadá.

Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, CIAGA. Seu comandante é o C Alte Gilberto Cezar Lourenço. Foi criada em 1981, absorvendo a antiga Escola de Marinha Mercante do Rio de Janeiro, criada em 1956 no governo do Ex-Presidente Juscelino Kubitschek. Seu objetivo é aperfeiçoar, atualizar e adestrar profissionais da Marinha Mercante brasileira

Após a Escola Naval (EN), o arauto anunciou a EFOMM. Nosso grupamento tinha à frente o 1º Ten (RM2) Santos Souza, com a Guarda Bandeira logo a ré. Composta pelos alunos da Turma CLC José Santos da Silva, o Porta Bandeira, Comandante Aluno Erick Nanjara, o Porta Estandarte, Imediato Aluno Rodrigo Teixeira e seus Guardas tiveram a última oportunidade de participar do desfile como alunos. Mas não a última oportunidade de abrilhantar o nome da Escola, pois, ao se formarem, mostrarão no dia a dia todas as virtudes e conhecimentos que adquiriram nesses 3 árduos anos. Fazendo referência ao nosso hino:

A nossa escola nos forja para o mar

São assim preparados homens fortes

Para com honra a vida enfrentar.

Porta Bandeira Erick Nanjara e Porta Estandarte Rodrigo Teixeira. (Foto: Al. Bruna Lúcio/ Jornal Pelicano)
Porta Bandeira Erick Nanjara e Porta Estandarte Rodrigo Teixeira. (Foto: Al. Bruna Lúcio/ Jornal Pelicano)

Ao sinal da corneta, o grupamento escolar prestou continência ao palanque, com o forte brado “BRASIL MARINHA” retumbando das gargantas de cada um dos alunos que marchava.

O Dia da Pátria

O céu acima dos presentes começava a clarear, à medida que o sol surgia entre as nuvens. Enquanto isso, o vogal falava sobre os “grilhões da subordinação” rompidos 193 anos atrás, o histórico momento que deu a oportunidade do Brasil e seu povo “saborearem o gosto da liberdade” pela primeira vez. A oportuna mudança de cenário nos faz remontar algumas passagens do Hino da Independência cantado anteriormente:

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil

Nosso país atualmente vem evoluindo cada vez mais rápido, enfrentando o caminho árduo do desenvolvimento, que requer a união de todos os seus filhos. Unidos sob um mesmo ideal; unidos sob a mesma bandeira. Movidos pelas mesma convicções que, por exemplo, levaram nossa brava Força Expedicionária a combater as opressoras ideias que devastavam a Europa. 

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil

O ideal que todo brasileiro traz consigo é o democrático. É o galardão em nosso peito que conquistamos com muito esforço, e que devemos ostentar com muito orgulho mundo a fora. Nesse quesito, somos referência entre vários países desenvolvidos. Não só no 7 de setembro, mas durante toda a sua vida, o militar serve como modelo de patriota a todos os cidadãos, ao idolatrar sua pátria e lutar incessantemente pelo seu crescimento. E mesmo nos momentos mais difíceis, protegerão a democracia em prol da nação. Pois o progresso só pode ser alcançado por meio da ordem. Assim, a liberdade que todo filho desta rica terra tanto preza, será eterniza.

Parabéns, ó brasileiro,

Já, com garbo varonil,

Do universo entre as nações

Resplandece a do Brasil.

 

Amanhecer na Av. Presidente Vargas. (Foto: Al. Bruna Lúcio/ Jornal Pelicano)
Amanhecer na Av. Presidente Vargas. (Foto: Al. Bruna Lúcio/ Jornal Pelicano)

Confira abaixo a galeria de fotos do evento:
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Fotos: Al. Bruna Lúcio e Al. Colares

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Praticante Oficial de Náutica, foi coordenador geral do Jornal Pelicano no ano de 2016.