Primeiro dia na EFOMM

Finalmente chega o tão esperado dia 8 de janeiro de 2018. Para o PSEFOMM 2018, segundo o edital, seria o dia em que os primeiros 170 candidatos aprovados nas primeiras fases deveriam se apresentar, diretamente na Escola de Formação de Oficias da Marinha Mercante, para realizar a última fase do processo de admissão. Para os candidatos seria o dia em que anos de estudos e esforço se concretizariam em realidade, porém, para mim, ainda faltava um pouco pois eu ocupava a posição 190 da classificação final e dependia de 20 desistências.

O dia havia amanhecido chuvoso, clima típico da “terra da garoa”, São Paulo, acordei por volta das 0500 da manhã, pois eu ainda tinha que fazer um teste ergométrico, o único exame que faltava da bateria de exames da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), concurso no qual eu também estava concorrendo a uma vaga.

Agilizei os processos da realização do teste ergométrico buscando estar sempre atento ao site do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA) e do Jornal Pelicano, pois não sabia o horário em que os responsáveis pela convocação dos candidatos reservas entrariam em contato. Além disso eu tinha a expectativa de que fosse um dia corrido, pois eu sabia que a possibilidade de ocorrer as 20 desistências era iminente, porém eu decidi não comprar o enxoval antecipadamente pois o dinheiro estava curto, e não havia condições de comprar nada a mais e/ou comprar algo sem necessidade.

Já havia passado a metade do dia e a ansiedade me fez checar se os contatos aos quais disponibilizei no ato da inscrição para o concurso estavam em perfeitas condições para receber a possível, e tão esperada ligação do CIAGA, quando percebo que o meu chip telefônico não estava recebendo ligações.

Sem condições de resolver o problema imediatamente, pois estava na rua, mando uma mensagem para uma grande amiga chamada Joana, e peço para ela, se possível, ver como eu poderia atualizar o meu cadastro. Ela tenta por todos os meios entrar em contato com a EFOMM e, por fim, me responde dizendo que eu tinha que mandar um e-mail ao CIAGA informando o problema o mais breve possível.

Envio uma mensagem eletrônica ao Centro de Instrução e espero, até que recebo, exatamente às 1657 uma mensagem de áudio da Joana, informando que haviam entrado em contato com ela e que eu deveria que estar no CIAGA às 0900 da terça-feira, dia 9 de janeiro.

O coração dispara, a perna bambeia, um frio toma conta da barriga como nunca antes: uma explosão de felicidade. Finalmente, depois de 3 anos de intensos estudos, noites mal dormidas, fins de semanas dentro de uma sala de aula, eu havia conseguido ser convocado para a fase final do concurso. Agora só dependia exclusivamente de mim, porém havia um problema: Eu necessitava urgentemente, em menos de 24 h, ir comprar o enxoval e a passagem para o Rio de Janeiro.

Pego a lista dos itens e me dirijo primeiramente ao Brás (região comercial conhecida em São Paulo, por oferecer roupas por preços acessíveis). Devido a grana estar curta compro a quantidade mínima estabelecida no edital. Na correria acabo por esquecer de comprar alguns itens, mas isso já não importava mais afinal: Eu estava convocado!

Na volta para a minha casa passo no Terminal Rodoviário do Tietê e compro a passagem marcada para 01:00h da manhã contando as horas para não me atrasar e conseguir chegar no CIAGA na hora estipulada para a minha convocação.

Chega a hora do embarque. Nunca fui bom em me despedir, mas naquele dia foi diferente pois eu estava indo atrás do que se tornaria o meu maior objetivo durante a adaptação: me tornar um aluno da EFOMM. Seguro o choro, mantenho a postura, abraço meus pais e meus irmãos, e sigo em direção ao ônibus, rumo ao Centro de Instrução Graça Aranha.

Depois de uma viagem tranquila, apesar de não ter conseguido dormir, chego ao Rio de Janeiro por volta das 8:00h. Da janela do ônibus, passando pela Avenida Brasil, avisto o CIAGA e meus futuros companheiros de turma, que haviam se apresentado no dia anterior, realizando o cerimonial à bandeira vestidos com o famoso feraforme.

Chegando na rodoviária Novo Rio solicito um táxi e vou rumo a Olaria, número 9.020 da Av. Brasil. Sem celular, pois havia vendido para ajudar a comprar o enxoval, peço ao taxista para se possível ligar para a minha mãe, que a esta hora já estava preocupada. Muito prestativo, o motorista me empresta o aparelho telefônico. Realizo a ligação e tranquilizo minha mãe: Está tudo bem. Beijo, te amo. Estou entrando na EFOMM.

Texto: Aluno Maique

Acompanhe todo material produzido na página De candidato a fera.

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Praticante Oficial de Náutica. Vice-Presidente do Jornal Pelicano e Presidente do Grêmio de Relações Internacionais da Marinha Mercante durante o ano de 2018.