Para trazermos variedades e novidades, fomos atrás de um ex PON que se disponibilizou para compartilhar detalhes sobre seu Período de Estagio Embarcado (PREST) o qual todo aluno da EFOMM, após completar os três ano de curso, deve cumprir.

Empresas

Pratiquei na empresa Subsea7, que na época (2016-2017) possuía 7 navios PLSV (Pipe Laying Support Vessel) operando no Brasil. Escolhi essa empresa primeiramente por ela pertencer ao mercado offshore, o qual me interessava bastante, e também porque, dentro desse nicho, sempre me encheu os olhos o tipo de operação de um PLSV. Todos os navios offshore têm sua importância individual, obviamente, mas fazer parte de uma operação tão grandiosa como, por exemplo, a conexão de uma linha ao poço, seu lançamento no leito marinho e depois o
pull-in com a plataforma é de uma dimensão tamanha que só entende quem já presenciou.

Seven Mar, da Subsea 7. (Foto: Portal Marítimo)

Além disso, trata-se de uma empresa excelente, que zela pela segurança e bem-estar de todos os colaboradores de bordo. Fiquei 10 meses no Seven Mar e 2 meses no Seven Sun, navios que, apesar de realizarem o mesmo tipo de operação, me proporcionaram experiências e aprendizados completamente diferentes. Tive também a oportunidade dada pela empresa de fazer parte da tripulação que conduziu um de seus navios até a Europa depois do fim do
contrato deste no Brasil, o que muito me acrescentou e enriqueceu minha praticagem.

Adaptação

A adaptação a bordo dura praticamente todo o primeiro mês

Vai depender mais do tamanho do seu navio, da sua capacidade de se adaptar e da sua tripulação. No meu caso, passei toda a primeira semana exclusivamente com os marinheiros andando pelo navio, conhecendo tudo, acompanhando o trabalho deles no convés, aprendendo e também auxiliando. É importante não querer fazer coisas por conta própria nesse primeiro momento. Ninguém espera isso de você. Conheça todo o navio primeiro e depois comece a realizar tarefas sozinho(a). Depois dessa primeira semana até o fim da minha praticagem, continuei fazendo trabalhos no convés com os marinheiros durante metade do meu serviço (6 horas) e a outra metade passava

(Foto: 2ON Domingues / Acervo pessoal)

no passadiço acompanhando e auxiliando o trabalho dos oficiais. Com o tempo, a confiança dos tripulantes em você vai aumentando e você passa a ser designado a tarefas mais importantes, apesar de, como praticante, você não ser oficialmente responsável por nada a bordo. Sua única obrigação é ser prestativo e estar disposto a aprender.

Dificuldades

Se comunicar com tripulantes de algumas nacionalidades como filipinos, indianos e escoceses, especialmente no rádio, nos primeiros dias, pode ser bastante complicado, mesmo que você tenha um bom nível de inglês. A dica pra resolver esse problema é sempre perguntar, quantas vezes forem necessárias, o que eles querem de você, para que não haja falha de comunicação, o que pode gerar algum problema ou desconforto a bordo. Saber administrar o cansaço de trabalhar 12 horas por dia e ainda gerir o tempo de descanso a fim de encaixar alguma atividade para distrair a cabeça é muito importante, mas pode ser bem difícil conseguir realizar isso na prática. Fazer alguma atividade física diariamente ou ver algum filme ou série são opções muito boas.

a maior dificuldade, a meu ver, é conseguir se desligar completamente do mundo aqui fora e dos acontecimentos da sua vida pessoal e da vida das pessoas que você ama enquanto se está a bordo.

Porém, é primordial fazer isso para que se tenha uma boa praticagem. O foco tem que estar no seu aprendizado e na construção da sua carreira profissional.

Incidentes

Graças a Deus não protagonizei nenhum incidente durante meu período a bordo, mas tive um colega de bordo que machucou a mão levemente durante o serviço uma vez. Ele foi prontamente atendido pelo enfermeiro e depois desembarcou para realizar alguns exames no hospital. É preciso lembrar que os navios são como indústrias no meio do mar, seguir as normas e políticas de segurança de bordo é imprescindível, pois dependendo da gravidade do acidente, ele pode gerar uma sequela grave ou até mesmo ser fatal. Afinal, estamos em condições adversas e longe de hospitais.

Considerações Finais

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(Foto: 2ON Domingues / Acervo pessoal)

No mais, desejo a todos muita garra e disposição para encarar esse 1 ano de estágio, que não é fácil. Não se deixem abater pelas dificuldades, demonstrem sempre muito interesse e disponibilidade. A tripulação, de modo geral estará disposta a ensinar, mas uns sempre terão mais sorte que outros em relação aos colegas que encontrarão a bordo. Isso é normal, faz parte também das dificuldades. Aproveitem os momentos bons e superem os ruins para, no final, olhar pra trás e ver que o saldo foi positivo, com muito aprendizado, amadurecimento e
superação.

Bons ventos e mares tranquilos!

Um abraço,

2ON Domingues.

 

Repórter:

Aluno do primeiro ano Dos Anjos.