[dropcap type=”3″]S[/dropcap]ou o POM Juan Maia, atual praticante de máquinas da Norskan, fiz a primeira metade do meu embarque (3 meses) no Skandi Iguaçu que é um Super AHTS (Anchor Handling Tug Supplier, “navio que faz manuseio de ancoras”) com ROV ( Remotely Operated Vehicle, um tipo de robô que este navio possui que faz vários tipos de operações e pode chegar até 3 mil metros de profundidade) e vou fazer a outra metade da praticagem no Skandi HAV.

Bom, vou falar aqui no Diário do Pratica das coisas que mais me deixavam com dúvidas no tempo de escola pois acredito que esse diário do praticante seja para esclarecer as principais dúvidas dos alunos da EFOMM e vou deixar meu e-mail no final da entrevista pois se alguém tiver alguma dúvida, sinta-se à vontade de me contatar. Primeiramente pra entrar na Norskan teve um processo seletivo em que consistia de uma prova de inglês de multipla-escolha de gramática e listening e após esse teste teve uma entrevista. Saindo o resultado, eu e mais os outros 6 aprovados fomos à sede da empresa em Macaé para assinar o contrato, pegar o nosso EPI e ter a familiarização com a Norskan.

Minha festa de despedida
Minha festa de despedida (Foto: Al. Felipe Dias/Jornal Pelicano)
Pré embarque com meu irmão e minha mãe
Pré embarque com meu irmão e minha mãe (Foto: Al. Felipe Dias/Jornal Pelicano)

Antes de embarcar, meu irmão organizou uma festa surpresa de despedida e assim eu pude me despedir não só dos meus familiares mas também de todos os meus amigos (o que foi de grande importância nos momentos de dificuldade a bordo) e só ali caiu a ficha de que eu ia ficar 3 meses no mar.

Meu primeiro dia a bordo chegou, fiquei mareado nos dois primeiros dias mas logo depois fui acostumando  e após uma semana pouco sentia o navio balançar. Falavam-me que nas primeiras semanas você fica perdido no navio e isto realmente é verdade; quando você entra no navio, aquilo parece uma imensidão e, como diz meu amigo marinheiro de máquinas Salgado, depois de um tempo a embarcação parece bem pequena pra você.

CCM do navio
CCM do navio (Foto: Al. Felipe Dias/Jornal Pelicano)

No inicio comecei tirando serviço de 07:00 às 19:00 mas tinha dia que passava do horário e tinha dia que acabava um pouco mais cedo. Aos domingos era day-off, era o dia que eu tinha para fazer “o que eu quisesse”, dar uma boa relaxada ou ir somente ao CCM ou para até adiantar o PREST, um documento que recebemos no CIAGA antes de embarcar que dita e acompanha os aprendizados e deveres que você deve cumprir a bordo e que devemos entrega-lo no CIAGA ao fim da praticagem.

Sobre o serviço de máquinas:

Cada dia é um dia de aprendizado diferente porque todo dia tem coisas novas pra aprender seja da parte elétrica, eletrônica ou mecânica.

Fazendo reparo no guindaste do navio
Fazendo reparo no guindaste do navio (Foto: Al. Felipe Dias/Jornal Pelicano)

Nós éramos responsáveis por todos os tipos de manutenção do navio, tanto manutenção corretiva, como manutenção preventiva, pela parte da condução do navio e também pela parte de lastro da embarcação, além de diversas outras coisas…

A comida era espetacular! Tinha de tudo do bom e do melhor. O refeitório era liberado 24 horas por dia. Qualquer um poderia fazer um lanche a qualquer hora. E as refeições eram de 3 em 3 horas. E pra quem se importa com dieta, coisas integrais, lá tinha de tudo também. Ou seja, você pode engordar ou emagrecer, vai depender apenas de você. Falando de emagrecer e engordar, lá tinha uma academia boa, não era grande nem pequena, mas tinha boa aparelhagem e de qualidade.

Sobre as acomodações:

Eu tinha um camarote só meu, era um beliche, dois armários, um sofá, mesa pra estudo, televisão com todos os canais, banheiro com aquecedor de piso, era bem confortável. O navio não tinha Wi-Fi, ou seja, sem sinal nenhum de celular. A única internet que tinha era dos computadores de bordo, os quais eram livres para serem usados e, mesmo que a internet fosse bem lenta, dava pra safar e-mail e Facebook. Também tinha um telefone que você podia usar a hora que quisesse e quanto tempo quisesse, mas, é claro, deve-se usar o bom senso. E lembrando que estou falando do Skandi Iguaçu, mas os outros navios não fogem muito disso.

Falando agora de aprendizado:

No início parece bem difícil pois é muita coisa pra uma cabeça só. Mas com o tempo você vai se familiarizando com o navio e tudo fica mais fácil.
Hoje vejo que fiz a escolha certa pra minha vida, não só por ter escolhido EFOMM mas também por ter escolhido máquinas.

O inglês é muito importante na vida de marinha mercante. Não só por você ter a grande possibilidade de trabalhar com estrangeiros mas também pelo fato de todos os manuais e equipamentos serem em inglês.

Acredito que a principal virtude de um praticante seja a vontade de aprender. Se você mostrar interesse, buscar o conhecimento e se entregar, a tripulação vai retribuir isso tentando te ensinar e mostrando as coisas da melhor forma possível.

Tripulação do skandi Iguaçu no refeitório
Tripulação do skandi Iguaçu no refeitório (Foto: Al. Felipe Dias/Jornal Pelicano)

Para finalizar este Diário do Pratica, deixo aqui meu agradecimento à tripulação do Skandi Iguaçu, principalmente ao chefe Alex , Sub-chefe Birajara , Maquinista Alexandre, Eletricista Paschoal , Marinheiro de Máquinas Salgado e Moço de Máquinas Alfeu que me acolheram da melhor forma possível, me ensinaram bastante, foram como uma família durante 3 meses e que vou levar pra sempre comigo.

Se desejar entrar em contato com o praticante, envie-nos uma mensagem através do nosso formulário de contato, pelo link:

http://www.jornalpelicano.com.br/contato