A Marinha Militar italiana não se surpreendeu com um pedido de socorro emitido por uma imigrante ilegal a bordo do cargueiro Ezadeen nessa sexta-feria, dia 2. O navio de transporte de animais e bandeira de Serra Leoa navegava em rota de colisão com a costa sudeste da península italiana a 40 milhas náuticas e com cerca de 450 imigrantes ilegais quando foi abandonado pela sua tripulação.

“Quando nós contactamos o navio para conhecer seu ‘status’, uma mulher respondeu: ‘Estamos sozinhos e não há ninguém para nos ajudar'”, disse o capitão da Marinha Militar italiana Filippo Marini. Como aconteceu, também, há 13 dias, no mesmo mar, com o cargueiro Blue Sky M abandonado com cerca de 970 imigrantes ilegais a bordo, a Guarda Costeira do país executou imediatamente uma missão para retomar o controle do navio e salvaguardar a vida das pessoas a bordo.

Marinha Militar italiana reboca Ezadeen com 450 pessoas a bordo para porto italiano. (Foto: Getty Images)
Marinha Militar italiana reboca Ezadeen com 450 pessoas a bordo para porto italiano. (Foto: Getty Images)

Ambas as embarcações foram abandonados por traficantes de pessoas em rota de colisão com a costa da Itália para forçar a Marinha daquele país a agir e evitar uma catástrofe. O Blue Sky M, no dia 20 de dezembro de 2014, foi retomado em uma rápida operação que levou militares a bordo do navio por um helicóptero quando estava a apenas 45 minutos da colisão. Apesar de no caso do Ezadeen a urgência não ter sido tão grande porque o navio parou por falta de combustível, o desfecho da operação foi o mesmo: centenas de pessoas desembarcaram na Itália e receberam a condição de refugiados pelo país.

A maior parte dos migrantes são sírios e turcos, de países que enfrentam graves conflitos sócio-político-econômicos. Especialistas acreditam que a nova tática virou tendência após a Itália anunciar o fim de uma operação de fiscalização do mar mediterrâneo bancado ao custo de 9 milhões de euros mensais pelo país.

A Operação Mare Nostrum em seus últimos dias prestou socorro ao ferry Normam Atlantic que pegou fogo ao navegar da Grécia à Itália matando 35 pessoas, por exemplo. Mais estatísticas revelam que, em 14 meses, os italianos resgataram cerca de 170000 refugiados, uma média de 450 pessoas por dia. No entanto, acredita-se que o número de pessoas que tentam atravessar o mar mediterrâneo seja maior. Ao todo, 3500 pessoas morreram na travessia.

A União Europeia ainda discute meios de resolver a situação doa refugiados. Uma Operação da Autoridade Executiva do Bloco foi implantada em substituição da italiana, mas não consegue resultados efetivos. A ONU declarou que os casos repetidos não podem ser ignorados pelas autoridades. Todo refugiado precisa ser resgatado.

FONTEThe Guardian
COMPARTILHAR
Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.