O Jornal Pelicano está realizando um trabalho conjunto com praticantes a bordo de diversos navios. Eles estão nos enviando relatos de suas rotinas de bordo para serem editados na série Diário do Pratica. O praticante de oficial de náutica Gomes está a bordo do PSV Sterna, da Wilson Sons. Ele já nos escreveu um importante relato comentando, principalmente, sobre a disponibilidade de vagas de praticagem. Em seu segundo informe, ele fala sobre a correria do dia-a-dia a bordo, a saudade que vem experimentando e algumas percepções do seu processo de aprendizado. Sejam bem-vindos a bordo!

 

“Sou o Praticante de Oficial de Náutica Vinícius Gomes e estou escrevendo para o Diário do Pratica para contar um pouco da minha experiência.”


“Corrigir cartas, inspecionar material de salvatagem, conferir material recebido, supervisionar trabalhos com carga, contactar outras embarcações, escrever os diários de bordo, manter o apoio informado, inspeções, visitas de oficinas a bordo, manobras de atracação e desatracação, conferência de estoques, testes de equipamentos, leitura de manuais, emails e mais emails; manobras de aproximação a Unidades Marítimas etc., etc., etc.
 
 

Quando falaram que a rotina a bordo de um PSV era corrida, não conseguia imagina que seria para tanto.

 
Quando falaram que a rotina a bordo de um PSV era corrida, não conseguia imaginar que seria para tanto. Mau conseguimos ver o tempo passar. Confesso que, muitas vezes, só me dou conta do dia da semana em que nos encontramos, por causa do rancho aos domingos, que é churrasco, no almoço, e pizza, na janta! 
 
O momento em que mais sinto os efeitos da saudade têm sido nas trocas de turma. Já acompanhei duas até o momento. Ver os tripulantes saindo do navio com um sorriso de orelha a orelha e você ficando é a pior parte. Para amenizar, procuro repetir uma frase que ouvia muito nos tempos de exército: “Nunca faltou tão pouco!”. Mas nada como a correria de um dia no fundeio para que voltemos nossas atenções ao trabalho.
 
Como o navio que estou é bastante operacional, a empresa aproveita esse curto período de estadia no porto para que sejam feitos os reparos, envio de rancho, retirada de material e toda logística necessária para que continuemos operando. A embarcação permanece no fundeio enquanto não recebermos a programação do Apoio. No próximo texto, farei um cronograma de uma viagem. 

O mais importante para um praticante a bordo é a vontade de aprender…

 
O mais importante para um praticante a bordo é a vontade de aprender e fazer as coisas. O conhecimento é importante, sim, mas é fundamental, que nós apresentemos empenho e dedicação. Quando a rotina no passadiço está mais tranquila, aproveito para ler manuais dos equipamentos os quais não me sinta seguro de operar e tiro minhas dúvidas com o pessoal mais antigo.
Acho interessante, também, procurar acompanhar o trabalho do pessoal do convés. Muitos deles já estão embarcados a anos e possuem uma vasta experiência nas diversas atividades de bordo. Afinal, para solicitarmos que alguém realize algum trabalho é essencial que saibamos o mínimo sobre.”
 
O praticante termina agradecendo a todos leitores que estão acompanhano o Diário do Pratica. “É muito bom sabermos que a iniciativa tem surtido efeito.” E incita, também, outros praticantes a entrarem em contato com o Jornal Pelicano para participarem deste Diário. 
 
O praticante ainda lembra da situação de espera por vagas de praticagem, tanto no CIAGA quanto no CIABA, desejando bons mares e ventos a todos. Segundo ele, cerca de 1/3 de seus colegas aguardam o embarque, sem perspectivas. “Estamos na torcida para que a situação se resolva o mais rapidamente possível… ainda nesse primeiro semestre.”
 
PON Vinicius Gomes
COMPARTILHAR
Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.