Praticantes a bordo de diversos navios vêm colaborando com o Jornal Pelicano para trazer relatos sobre as experiências que estão vivendo neles. A praticante de oficial de náutica Isabela Bessa, que está embarcada no AHTS Asserter da Maersk, faz o seu terceiro depoimento para o Diário do Pratica. Após ter ficado um período docando, num estaleiro de Niterói, seu navio precisou passar por uma série de testes e inspeções, fundeado na Baía de Guanabara. Agora que ele, finalmente, voltou a operar, a praticante nos conta sobre como foram as suas primeiras operações e, também, sobre como ela se sentiu com a primeira troca de equipe. Sejam bem-vindos a bordo!


“Finalmente voltamos a operar! Então, vou tentar contar um pouco sobre o que já vi e mais coisas da rotina de bordo.”


“A primeira operação que fizemos foi uma DMA (Desancoragem, Movimentação e Ancoragem).”, nos conta a praticante. Ela explica, que a ação consistiu em desconectar os sistemas âncora-amarra, que fixavam a posição de uma plataforma, para, com o auxílio de outros ancoradores, manobrá-la até uma localização há dez milhas da inicial e ancorá-la, de novo. Ela aborda o procedimento, em detalhes: “A plataforma estava com oito sistemas. Foram desprendidos quatro deles e deixados nas boias. Então, nos conectamos à ela, para que mantivesse sua posição durante o deligamento dos quatro restantes. Após o desatamento de todos os sistemas, rebocamos a plataforma por cerca de dez milhas, até sua nova locação.”. E ela ainda dá mais pormenores: “Os sistemas de âncoras da nova locação já estavam pré-lançados. Elas já estavam em posição com suas amarras presas a boias. Por isso, os barcos só tiveram que conectar a plataforma aos sistemas.”.

 A praticante fala que o Asserter só pôde soltar a plataforma após a conexão de quatro sistemas. “Esse é o número mínimo de âncoras, para que a plataforma mantenha sua posição com segurança.”

Na operação DMA descrita acima, a praticante explicou que o Asserter rebocou a plataforma pela proa e, um outro barco, ajudou a controlar o rumo da plataforma segurando-a pela popa. Já na segunda operação, que ela teve a oportunidade de participar, ao invés de rebocar a plataforma pela popa, a PON Isabella Bessa diz que o seu barco foi o que a segurou pela proa.

Quando eu cheguei no barco, não tinha a menor ideia de como a movimentação de uma plataforma acontecia.

“Tentei simplificar bastante o procedimento de operação, para que todos consigam ter uma ideia de como as coisas acontecem.”, ela declara. “Quando eu cheguei no barco, não tinha a menor ideia de como a movimentação de uma plataforma acontecia.”, esclarece. “Peço desculpas se minha explicação foi muito básica ou se cometi algum erro. Eu não sei, praticamente, nada ainda, estou, apenas, começando a aprender.”, conclui.

Devemos aproveitar todos os momentos que temos em casa.

Em seu relato, a praticante também traz novidades importantes a respeito da sua rotina de bordo: “Tive minha primeira troca de turma há uns dias atrás.”. E ela revela  como isso a afetou: “Foi uma sensação muito ruim ver todo mundo ir embora e só eu ficar. Não vou mentir, a praticagem está me proporcionando oportunidades que eu nunca imaginei que teria, mas também passo por momentos difíceis. Sinto muita falta da minha família e dos meus amigos.”. Dessa forma, ela aconselha: “Devemos aproveitar todos os momentos que temos em casa. Coisas pequenas passam a ter muito mais valor agora.” 
Sobre a passagem do tempo a bordo, ela afirma ter sido muito sortuda com as equipes com as quais embarcou: “Todos me tratam muito bem e entendem que os praticantes ficam mais tempo longe de casa. Então, a própria tripulação me ajuda a encarar a distância.”. Ela conta o que se fez para enfrentar isso: “Com a outra turma, eu costumava assistir série com os oficiais à noite, fazer milk-shake, brigadeiro… E o embarque passou mais rápido para todos nós.”.

Às vezes ficamos vendo fotos e vídeos dos filhos do pessoal, o que é a parte mais divertida!

“Uma outra coisa que me deixou muito feliz foi no dia da troca de tripulação… Um dos tripulantes da turma nova já me conhecia, porque a filha dele, Nicole, está acompanhando o Diário do Pratica e leu meus textos. Fiquei muito surpresa! Todo mundo aqui gosta de falar bastante sobre a família. E eu acho isso muito bom, porque vejo que todos nós sentimos falta. Às vezes ficamos vendo fotos e vídeos dos filhos do pessoal, o que é a parte mais divertida!”
A praticante finaliza seu relato, explicando que tentou falar um pouco mais sobre a rotina dela a bordo e da operação do barco. “Espero estar, de alguma maneira, preparando os próximos praticantes!” Ela afirma, ainda, estar aguardando seu barco realizar algum manuseio de âncora propriamente dito para ter mais o que falar.
PON Isabela Bessa
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Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.