É comum que as pessoas tenham uma imagem antecipada sobre um determinado grupo baseado em informações repassadas por outros. Entretanto, não é raro que essas características – descritas pela análise de poucos indivíduos – sejam generalizadas, e, desse modo, criem um estereótipo para aquela classe social. Esses estereótipos podem ser coerentes e englobar a maioria dessas pessoas, ou podem estar equivocados e remeterem a ideias distorcidas. Quando se trata dos profissionais de Marinha Mercante, alguns estereótipos são rapidamente associados. Assim, os indivíduos, retidos em ideias difundidas, não sabem corretamente sobre a vida e o trabalho dos mercantes. Acompanhe nas próximas páginas 9 desses estereótipos.

1Mercantes Multimilionários

Os mercantes nem sempre esbanjam dinheiro. (foto: Google Imagens)

O estereótipo mais frequente é relativo ao aspecto financeiro, já que as pessoas pensam que os mercantes ganham quantias exorbitantes de dinheiro. A remuneração da categoria é boa, porém é semelhante ao obtido por profissionais pós-graduados/mestrados. O salário inicial, geralmente, é superior do que o de outras carreiras, mas “apenas” devido ao fato dos marítimos trabalharem de forma árdua, longe dos familiares e por períodos prolongados.

2Marujos Beberrões

Álcool e mar nem sempre se combinam. (foto: Google Imagens)

Outro pensamento presente sobre os aquaviários é o consumo contínuo de bebidas alcoólicas. Entretanto, muitas empresas não permitem ou limitam o uso de álcool a bordo. Além disso, são realizados exames aleatórios para verificar a presença de álcool no organismo, pois a bebida impede o julgamento preciso do tripulante, e os erros no mar podem ameaçar a vida de todos a bordo.

3Marinheiros Poligâmicos

A poligamia é mais um dos estereótipos dos mercantes. (foto: Google Imagens)

Há também a abstração de que os marítimos têm uma mulher em cada porto. Ao contrário do que muitos pensam, os mercantes não costumam trair, pois se preocupam com a possibilidade de arruinar o relacionamento. Ninguém compreende tão bem o valor de união e lealdade quanto alguém que passa muito tempo longe de seus entes queridos, pois a distância não enfraquece, mas fortalece os laços afetivos. A maioria dos marítimos entende o verdadeiro significado de ter alguém especial que está a sua espera em casa.

4Navegando Enjoados

Enjoos e náuseas fazem parte da vida dos aquaviários. (foto: Google Imagens)

Quanto ao enjoo, nem todos os marítimos costumam “marear”, em contraponto ao que os leigos acreditam. Esta é uma condição que afeta alguns, mas não necessariamente a todos. Há pessoas que podem senti-lo e, gradualmente, acostumar-se ao balanço da embarcação.

5Aventureiros Experientes

Os marítimos viajam por muios países, mas não os conhecem. (foto: Google Imagens)

Os indivíduos que não têm ligação com a Marinha Mercante acham que os aquaviários viajam e conhecem inúmeros países. Entretanto, nos dias atuais, o descarregamento nos portos é rápido e eficiente, deixando pouco ou nenhum tempo para ir a terra. Existem navios que sequer chegam a atracar às vezes. Os graneleiros são os únicos navios de carga que conseguem ficar no porto por mais de dois dias. Ainda mais, os turnos de trabalho e o estresse fazem os marítimos preferirem ficar em repouso ao invés de sair para a cidade. Só porque os mercantes visitam novos portos e países, não significa que eles têm a oportunidade de desfrutar da viagem como querem.

6Elegantes Capitães

Elegância e conforto são características associadas aos mercantes (foto: Google Imagens)

Pessoas que desconhecem a vida embarcado acreditam que essa é uma vida glamorosa. Elas pensam que os marítimos apenas viajam conhecendo novos países, utilizando uniformes elegantes, tripulando embarcações tecnologicamente avançadas, aproveitando a encantadora vista do mar. Porém, não sabem que os tripulantes convivem com roupas e sapatos apertados e desconfortáveis, habitando certas vezes compartimentos empoeirados. Além disso, todos vivem exaustos devido à fadiga da rotina desgastante. Há um charme relativo na profissão, mas, no entanto, há muitas condições desagradáveis na vida a bordo.

7Vida e Trabalho Fácil

Não está fácil para ninguém. (foto: Al. Alcoforado/Jornal Pelicano)

Há uma ideia generalizada de que todos os mercantes têm, durante o ano, apenas 6 meses de trabalho e outros 6 meses de descanso, com isso acreditam que é um trabalho fácil. Porém, os contratos diferem em estabilidade, podendo ser 60 dias embarcado para 30 em terra, ou uma variedade de outras combinações, dependendo da posição e empresa. Mesmo assim, o labor realizado a bordo, faz com que seja necessário que os mercantes voltem para casa e relaxem. O tempo em solo é preciso para que se possa rever a família, desligar-se do trabalho, descansar adequadamente e resolver os problemas pessoais.

8Guerreiros dos Mares

A Marinha Mercante e a Marinha do Brasil são confundidas pelos leigos. (foto: Google Imagens)

Muitas vezes algumas pessoas confundem Marinha Mercante com a Marinha do Brasil, e com isso acreditam que os mercantes vão ao mar para lutar em guerras. A Marinha Mercante é uma entidade auxiliar que pode ser convocada, em caso de emergência extrema, para ajudar os navais. No entanto, as atividades comuns de transporte de mercadorias e operações em plataformas, normalmente, não tem relação com as forças armadas do país. A atividade mercante envolve um negócio em que as mercadorias são transportadas em troca de ganhos monetários.

9Nadadores Olímpicos

Alunos da EFOMM competindo no MERCNAV. (foto: Al. Berço Cruz/Jornal Pelicano)

Outro estereótipo dos aquaviários é de que são obrigatoriamente bons nadadores. Porém, não é preciso ser necessariamente bom nadador para trabalhar a bordo. Essa ideia deve-se ao fato do indivíduo pensar que caso haja algum acidente, será preciso nadar demasiadamente para se afastar do local e evitar problemas consequentes. Entretanto, em situações climáticas extremas, não importa o quanto a pessoa saiba nadar, torna-se inviável tentar fugir a nado. É importante que os tripulantes tenham as técnicas mínimas de natação e permanência no mar, mas não é preciso ser exímio nadador, pois há diversos equipamentos de segurança a bordo para que se possa flutuar durante uma emergência.

Conclusão

Mediante essas informações, as pessoas pode-se conhecer mais sobre a vida dos marítimos e assim, esclarecer e desmistificar alguns dos estereótipos presentes sobre a categoria. Os profissionais da Marinha Mercante também são homens e mulheres que trabalham arduamente, colocando a própria vida em risco. O trabalho no mar é diferente do exercido nas outras profissões, mas a vida dos mercantes não é tão especial e confortável como se pode pensar. Os aquaviários desempenham uma importante tarefa para o desenvolvimento da economia do mundo inteiro.

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Comandante-Aluno (Curso de Náutica), Atleta da Equipe de Xadrez e Repórter do Jornal Pelicano