Entrevista – Dhiogo Maran

Aprovado, aos 25 anos, no concurso de prático de 2012, O Oficial de Náutica Dhiogo Maran, formado em 2011, na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM), concede a equipe do Jornal Pelicano uma entrevista a fim de externar a trajetória desde a decisão ao alcance da profissão mais almejada da atualidade.

Hoje, aos 27 anos, Dhiogo Maran encontra-se em Manaus realizando a praticagem à Prático. Na entrevista, ele expõe aspectos de sua rotina, os desafios da profissão e sua experiência de ascensão em uma das carreiras mais atrativas e difíceis do país.

JORNAL PELICANO – Por que a escolha de ser Prático?

DHIOGO MARAN – Porque esta função no meio mercante reúne tudo visto na Escola e mais um pouco. Tudo num navio desde sua maquinaria imensa até o gerenciamento no passadiço se resumem naquele momento da manobra a uma só pessoa: o prático, assessorando o navio e a tripulação. A arte e habilidade adquirida por um prático na navegação em águas restritas ou em manobras no porto são para mim o ápice e a maior exaltação da carreira mercante.

JORNAL PELICANO – Quando aluno, você já almejava seguir a carreira de prático?

DHIOGO MARAN – Desde que entrei na EFOMM eu tinha este objetivo, pois no exame psicológico de admissão conheci um prático. Na Escola procurei reunir o máximo possível de material e, quando o concurso surgiu em 2011, eu estudei o máximo que pude conciliando a Escola e o concurso. Infelizmente, neste concurso de 2011 não obtive êxito, mas alcancei a pontuação esperada e isso me deu mais motivação para continuar estudando.

Na Escola procurei reunir o máximo possível de material e, quando o concurso surgiu em 2011, eu estudei o máximo que pude conciliando a Escola e o concurso.

JORNAL PELICANO – Quando praticante, como escolheu a empresa para praticar? Quais lições tirou desta época? Elas influenciaram para que, hoje, você pudesse ser Prático?

DHIOGO MARAN – Escolhi ir para navio para pegar a rotina de bordo e o contato direto com os práticos nos portos. Tirei valiosas lições desde o modo de se lidar com a tripulação até a observação da experiência de grandes comandantes e excelentes práticos manobrando. Posso dizer que toda vez que eu assistia uma manobra de algum prático, minha vontade aumentava e o estudo ficava mais intenso.

JORNAL PELICANO – Com todos sabem,é necessário muito esforço e dedicação para passar no concurso de prático e assumir tal função.  Como se preparou para o concurso? As aulas ministradas na Escola de Formação de Oficias da Marinha Mercante (EFOMM) foram importantes para que chegasse onde está?

DHIOGO MARAN – Desde a EFOMM, em 2011, eu estudava. Na praticagem de náutica eu lia algumas publicações e conciliava observando a navegação e as manobras nos portos. Quando o edital do concurso de 2012 saiu, o estudo ficou realmente intenso, com cerca de 8 ou 9 horas por dia, parando para dar uma corrida, comer e dormir. Algumas aulas, como Arte Naval, nos dão grande avanço em relação ao preparo para o concurso, mas o preparo só depende de cada um mesmo. A EFOMM foi e é pra mim onde tudo começou, e jamais esquecerei disso.

JORNAL PELICANO – Como foi o seu primeiro contato a bordo, como Praticanre de Prático?

DHIOGO MARAN – Posso dizer que foi muito prazeroso, já que este concurso foi longo e trabalhoso. O práticos da manobra também não poderiam ser melhores para instrução e execução da manobra.

JORNAL PELICANO – Por ter alcançado tão jovem uma função tão concorrida e almejada por diversas idades e profissões (visto que atualmente não só Mercantes podem realizar o concurso), você sofreu algum tipo de preconceito por pessoas de mais idade?

DHIOGO MARAN – Ainda não sofri preconceito deste tipo. A maioria das pessoas envolvida com a manobra do navio, tanto a tripulação quanto os práticos são profissionais e me tratam como um também. É claro que às vezes perguntam a idade, mas nada que me barrasse ou que fosse pejorativo.

JORNAL PELICANO – Como está sendo a Praticagemde Prático, principalmente quanto à realização do trabalho, regime, cobranças, responsabilidades e demais obrigações que um praticante a Prático deve realizar?

DHIOGO MARAN – A rotina é puxada e a dedicação é voltada toda à praticagem para o acompanhamento e execução do máximo de manobras possíveis. Aqui na ZP-02 tento ficar o máximo de tempo em Manaus para a praticagem. Este ano irei para casa um total de 4 vezes. Quanto à responsabilidade não é igual a de um prático, mas conscientemente no momento da execução da navegação de praticagem e manobra, os praticantes assumem quase as mesmas responsabilidades. Em relação aos deveres, devemos acompanhar o máximo possível a experiência dos práticos de nossa Zona de Praticagem.

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JORNAL PELICANO – Para os que pretendem seguir a carreira de Prático, quais conselhos você pode dar?

DHIOGO MARAN – Bom, estudem, e estudem muito, de uma maneira que o rendimento seja o máximo possível. Cada um sabe a maneira e o tempo que leva para absorver conteúdos e aprender. O conteúdo da prova teórica é extenso. Preocupem-se primeiramente em passar da prova escrita e depois se dediquem à prova prática quando passarem. Eu acredito que qualquer um tem condições de êxito neste concurso, é preciso dedicação e força de vontade como qualquer outro objetivo que você tenha na vida. Estudem as provas anteriores, dediquem-se de maneira honesta e firme. Sorte a todos os futuros colegas que ainda encontrarei pelapraticagem.

Estudem, e estudem muito, de uma maneira que o rendimento seja o máximo possível

A equipe do Jornal Pelicano agradece pela entrevista, Dhiogo Maran.