Entrevista – Prof. Vinícius

Marinha Mercante Brasileira viveu seus tempos de glória, mas também passou por tempos muito difíceis, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando muitos de nossos navios foram levados a pique.Com o intuito de manter viva a memória dessa época e não permitir que se apague da memória aqueles que tiveram suas vidas ceifadas e aqueles que foram verdadeiros heróis, o professor do CIAGA, escritor, engenheiro mecânico e ex-oficial de máquinas, Marcus Vinicius de Lima Arantes escreveu o livro: Torpedo – O terror do Atlântico.

Mesmo sabendo dos riscos que corriam, milhares de homens do mar demonstraram bravura ao manter suas rotas. Esta opção custou caro, principalmente para os 470 tripulantes mortos e suas famílias. Ao todo, os torpedeamentos mataram 972 pessoas, só os ataques exercidos pelo submarino alemão U-507 deixou no mar 607 vidas. Esses tristes números dimensionam o sacrifício imposto aos bravos do mar no cumprimento de sua árdua missão.

JORNAL PELICANO – Professor, o que o motivou a ingressar na Marinha Mercante?

PROFESSOR VINÍCIUS – Sou do interior de Minas Gerais e parece que o fascínio pelo mar é maior naqueles que vivem longe do litoral. Desde garoto eu sou ligado às coisas do mar e tinha essa vontade, então acabei entrando para a Escola de Marinha Mercante.

JORNAL PELICANO – Quando o senhor se formou?

PROFESSOR VINÍCIUS – Sou da turma de 1963 e tenho formação no curso de máquinas.Não era nem EFOMM, ainda era Escola de Marinha Mercante do Rio de Janeiro (EMMRJ)

JORNAL PELICANO – Passou por alguma dificuldade a bordo?

PROFESSOR VINÍCIUS – Trabalhei na antiga FRONAPE, a atual Transpetro, e no Lloyde Brasileiro. Naquela época a gente tinha embarcações de longo curso – o que hoje praticamente não temos – então já peguei muito mal tempo em lugares perigosos como no Golfo do México, no Golfo da Biscaia, no Mar do Norte, já abalroei com um graneleiro belga. Situações difíceis, mas nada muito grave, nunca houve feridos.

JORNAL PELICANO – O que o motivou a escrever o livro?

PROFESSOR VINÍCIUS – Sempre digo que seria importante preservar toda essa pior fase da Marinha Mercante, todos os livros que falam sobre esse assunto são superficiais. Eu procurei ir mais a fundo, fui mais abrangente: a especificação dos navios, quem eram os comandantes, como foram os ataques. E ampliei o leque mais ainda com os navios que participaram dos resgates, do patrulhamento do Atlântico Sul, enfim, procurei fazer algo mais amplo o que me custou cerca de seis anos pesquisando. E o principal foi evidenciar os heróis, pois houve colegas nossos do passado que fizeram atos de heroísmo. O que me moveu foi isso, deixar pra posteridade esses atos e acontecimentos, e apesar de te tido pouca circulação, já me sinto muito gratificado.

JORNAL PELICANO – Por que o senhor decidiu vir trabalhar como professor no CIAGA?

PROFESSOR VINÍCIUS – Justamente para ficar perto das questões da Marinha Mercante, eu saí da Marinha Mercante, mas ela não saiu de mim. E como já tinha me aposentado como engenheiro, achei que seria bom eu voltar pra cá e passar um pouca da experiência que acumulei nos anos que trabalhei embarcado pros alunos.

JORNAL PELICANO – A equipe do Jornal Pelicano agradece pela entrevista, professor Vinícius.

PROFESSOR VINÍCIUS – Foi um prazer.

[quote_box_center]

Marcus Vinicius de Lima Arantes é mineiro de Piumhi (MG).
Estudou no Instituto Gammon, em Lavras (MG), e formou-se pela Escola de Marinha Mercante do Rio de Janeiro em 1963. Durante sete anos navegou pelos mares do mundo como Oficial de Máquinas da Marinha Mercante em navios do Lloyd Brasileiro e da Frota Nacional de Petroleiros. Formou-se posteriormente em Administração de Empresas e Engenharia Mecânica. Como engenheiro, trabalhou na indústria petroquímica e em montagem de plantas industriais.

Escreve livros e crônicas por puro deleite. Amante do cinema, é pesquisador do gênero western e antigos seriados, já tendo publicado fanzines sobre o assunto. É autor do livro ABRAM ALAS, ESTUDANTES, que narra a trajetória gloriosa de alguns atletas-estudantes mineiros; escreve crônicas para o jornal Alto São Francisco, para a Revista Eletrônica do Centro de Capitães da Marinha Mercante e para o website Portal da FEB. É também colaborador da revista Mocinhos & Bandidos, de São Paulo, especializada em filmes do gênero western. Fonte: livreexpressao.com.br

[/quote_box_center]

Veja mais abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=eqzsQOwL0hE