As provas de atletismo ocorreram ao longo de 2 dias. No sábado pela manhã, disputou-se o salto em altura, arremesso de disco e tiros de 100 e 200 metros. Já na manhã de domingo, competiu-se o salto em distância, os arremessos de peso e dardo e, ainda, correu-se o revezamento 4 por 100. Ao todo, no final, a EFOMM subiu duas vezes no primeiro lugar do pódio, uma vez no segundo e três vezes no terceiro, nesse esporte.

Salto de foco, preparo, superação e ouro

No salto em altura, o terceiranista Márcio ganhou a medalha de ouro após uma difícil campanha com o adversário Greca da EsPCEx. Ambos elevaram o sarrafo pelo menos 3 vezes após eliminarem os outros competidores. Mas foi na altura de 180 cm, apenas na terceira tentativa, que o saltador da mercante conseguiu desbancar o seu oponente. “Eu fiquei muito feliz com o meu desempenho”, declarou posteriormente o campeão da prova. Para ele, o resultado alcançado ali era inesperado e significou o alcance de sua meta pessoal de retornar a saltar 1,80 metro.

Márcio já era atleta de salto em altura antes mesmo de ingressar na EFOMM. Aluno da EPCAr e, depois, cadete da Academia da Força Aérea (AFA), continuou saltando, ainda que essa modalidade não fizesse parte do rol de atletismo da EFOMM: “Pedi ao mestre Albino que me treinasse, mesmo sem nenhuma competição à vista, porque este é o esporte que eu sempre gostei”.

Para ele, o atletismo expande os próprios limites e traz auto-conhecimento e, o salto em altura, em específico, demanda muito treino, técnica, controle e concentração. “Eu levo o aprendizado de sempre manter a cabeça fria, mesmo com a pressão de uma torcida de fora; a nunca desprezar o treino, mas a não exagerar; a respeitar os limites do meu corpo e mente”. E toda essa experiência foi, de fato, notável, porque a sua tranquilidade era destoante e arrancava comentários de admiração até de seu técnico, o professor de educação físíca da EFOMM, Albino. “Eu não penso em ganhar de meus adversários, e sim de mim mesmo”, o aluno justificou a sua calma, depois.

Al. Márcio se concentra para saltar. (Foto: PON Alessandro / Jornal Pelicano)
Al. Márcio se concentra para saltar. (Reprodução: PON Alessandro / Jornal Pelicano)

O mestre Albino acrescenta, que a vitória de Márcio não precisou apenas da sua tranquilidade. Ele teve ainda que superar a desvantagem técnica de não competir com a sapatilha adequada para salto e, sim, com uma de corrida. “Os atletas da EsPCEx tinham sapatilhas específicas” ressaltou o professor. A que ele tinha, desde os tempos de EPCAr, rasgou-se exatamente na última competição da EFOMM com aquela escola. Márcio revelou, inclusive, que esse fato quase marcou o seu afastamento definitivo do esporte. “Eu pensei ‘comecei a saltar nessa escola e com essa sapatilha, então, nada melhor para meu último salto, com essa sapatilha, ser nessa pista'”. Mas o próprio atleta diz que o incentivo do mestre Albino e de seus colegas de equipe o levou até a conquista do ouro, em Campinas.

De 100 a 200 metros, treino e foco até a perfeição

O outro campeão do atletismo da EFOMM, no ‘berço de formação dos soldados de Caxias’, foi o primeiranista De Souza, que não apenas conquistou o primeiro lugar no pódio no tiro de 100 metros, ultrapassando a linha de chegada com uma distância segura e incomum de seus adversários, mas bateu o recorde da EFOMM na modalidade, correndo em 10 segundos e 79 centésimos. Até a torcida da casa, em reconhecimento ao seu desempenho, o aplaudiu com forte empolgação.

Todo esse sucesso coroa um ano inteiro de preparo e dedicação do atleta. De Souza foi destaque da EFOMM nas competições com o Colégio Naval, a MercNav, em maio, ganhando ouro no próprio tiro de 100 metros e prata no de 200 metros e, ainda, com a EPCAr, a MercAer, em junho, onde ampliou a conquista para o ouro nas duas modalidades. Ainda que já tenha competido no atletismo antes de entrar para a EFOMM, tendo sido também aluno da EPCAr, o corredor da EFOMM atribui o seu sucesso ao treino ‘específico e focado nos pequenos detalhes’, que recebeu do mestre Albino, na escola mercante. “O mestre Albino me expôs à uma árdua rotina de treinos de saída de bloco, o que me deu uma base sólida e segurança para a competição” e completa: “Tenho muito orgulho de fazer parte da família EFOMM, da família atletismo”.

Al. De Souza da EFOMM corre ao lado da mascote do CIAGA Brisa, no revezamento 4x400. (Foto: Al. Sebastian / Jornal Pelicano)
Al. De Souza da EFOMM corre ao lado da mascote do CIAGA, Brisa, no revezamento 4×100. (Foto: Al. Sebastian / Jornal Pelicano)

O atleta campeão de corrida rasa acredita que a filosofia de treino e foco, adquirida no esporte, auxilia diretamente em outras áreas da vida, inclusive a acadêmica e profissional. Para ele, o atletismo desenvolve espírito de competitividade, busca de auto-superação, perseverança, disciplina, respeito e habilidade de relacionamento interpessoal. “A repetição, com correção, até a exaustão, leva à perfeição”, cita, observando que, apesar de ninguém ser perfeito, a busca pela perfeição ajuda a alcançar os objetivos.

O valor do esporte na formação: vitória sempre

Além desses medalhistas de ouro, outros atletas da EFOMM também obtiveram resultados notáveis, no atletismo. O aluno Vasquez subiu ao pódio, no terceiro lugar, juntamente ao campeão Márcio, no salto em altura e o aluno Gabriel Inácio, também subiu com o campeão De Souza, em terceiro lugar, nos 100 metros. O aluno Fortes ficou em segundo lugar, no Lançamento de Disco.

O mestre Albino destaca ainda a participação dos atletas Levi, Fortes, Fillipe e Sanchez que obtiveram seus melhores resultados em suas respectivas modalidades. Também ressalta a importante contribuição que os atletas Lamego e Guerra deram à equipe de atletismo, mesmo sem fazer parte dela, nas provas de 3000 metros e no revezamento de 4 por 400 metros. Para ele, também foi admirável a força de vontade e espírito de corpo apresentada pelo aluno Vollmers, que, apesar de contundir-se na competição de judô, não hesitou em prosseguir competindo no arremesso de peso. Fato curioso e significativo, lembrado pelo professor Albino, também, foi a participação da aluna Sophia, numa prova de 100 metros rasos mista de homens e mulheres. “Todos foram brilhantes, se superaram”, elogiou.

Mestre Albino parabeniza o Al. Carlos Sousa pela vitória. (Foto: Al. Anna Viriato / Jornal Pelicano)
Mestre Albino parabeniza o Al. Carlos Sousa pela vitória. (Foto: Al. Anna Viriato / Jornal Pelicano)

O técnico acredita que eventos desse nível e grandeza afirmam ainda mais a relevância e importância da prática esportiva na formação global dos futuros mercantes. “Eles aprendem a vencer os seus receios, dores e temores; a enfrentar dificuldades, a experimentar vitórias e derrotas; de cabeça erguida” conclui sem antes revelar a mensagem que busca sempre passar a eles: “Façam história, o melhor que puderem; honrem suas famílias, sua Escola. Divirtam-se!”

A rotina acadêmica dos alunos da EFOMM no início de segundo semestre é sempre bastante intensa. Devido ao alto volume de carga horária de estudos inerente ao currículo do Programa de Ensino Profissional Marítimo (PREPOM) e à formação militar-naval do Núcleo de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha (NFORM), os atletas mercantes possuem um tempo restrito para dedicarem-se à prática esportiva.

Para a I MercaEx, as equipes tiveram pouco mais de um mês de preparo. O mestre Albino explica que esse é um prazo ‘curto’, ainda mais quando consideradas as peculiaridades de cada esporte. No atletismo, por exemplo, houveram atletas que precisaram ainda dividir esse tempo pequeno de treino dentre mais de uma modalidade e, até mesmo, dentre mais de um esporte. “Então, nós priorizamos [o trabalho dos pontos fracos] que podiam ser fortalecidos”, aponta.

Pistas de atletismo da EsPCEx. (Foto: PON Alessandro / Jornal Pelicano)
Pistas de atletismo da EsPCEx. (Foto: PON Alessandro / Jornal Pelicano)

Já para os atletas da EsPCEx, a preparação física é parte essencial da formação dos futuros oficiais combatentes do EB. Eles contam com um aparato de treinamento amplo e de primeira linha, tendo a Seção de Educação Física muito apoio e suporte por parte do Comando da escola. “Os alunos da EsPCEx são extremamente competentes no quesito desporto” avalia o atleta da EFOMM De Souza.

O mestre Albino nota, inclusive, sobre a renúncia que os atletas da EsPCEx têm de fazer para bem representar a instituição nas diversas competições. Para treinar, por exemplo, tiveram de abrir mão, inclusive, das férias escolares. Porém, é visível que o sacrifício traz a recompensa pessoal e coletiva de bem representarem suas equipes, suas escolas, suas instituições e seu país.

Abaixo, o quadro com os resultados da EFOMM, no atletismo:

Súmula oficial das provas de atletismo da MercaEx (Imagem: Jornal Pelicano)
Súmula oficial das provas de atletismo da MercaEx (Imagem: Jornal Pelicano)

Clique na imagem abaixo para ver todas as fotos do Atletismo e todos os momentos da MercaEx:

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(Foto: PON Alessandro / Jornal Pelicano)
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Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.