O funcionamento do transporte marítimo ocorre em escala mundial, onde empresas armadoras disputam vagas nas inúmeras rotas intercontinentais, nos segmentos de carga e passageiro. O processo de construção de navios por essas empresas se dá inicialmente por uma licitação de contrato, onde é especificado o transporte que deve ser realizado e os requisitos que a embarcação deve cumprir para atender às exigências. Uma empresa, então, ao ganhar a licitação, segue para a arrecadação de fundos para investimento na construção, que é considerada a parte mais difícil do processo.

Fundação de Estudos do Mar. (Imagem: www.fundacaofemar.org.br)
Fundação de Estudos do Mar. (Imagem: www.fundacaofemar.org.br)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e a Fundação de Estudos do Mar (FEMAR) apoiam empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento da economia marítima brasileira, investindo capital para a criação de navios.

Vem, por conseguinte, a procura por estaleiros (local onde se constrói e repara navios) que aceitem arquitetar o barco e, a partir daí, é iniciada a fase que  assegura o atendimento das exigências do contrato em que este está inserido, com melhor rendimento para o armador: O Projeto Naval (que costuma variar de 3 a 6 meses). Neste período de detalhamento, escolhem-se os grandes equipamentos como motor, propulsor, eletrônicos do passadiço, bombas de carga, botes e os equipamentos de operação. Logo depois da conclusão do projeto, inicia-se a construção do navio no estaleiro, seguida dos testes de comissionamento e aceitação dos equipamentos e de prova de mar, que são realizados com o navio em escala real e servem para avaliar o desempenho da embarcação, explicitando-se a capacidade de manobra do navio e o cumprimento dos requerimentos contratuais como a velocidade de serviço. Após todas as correções necessárias para o cumprimento das exigências, ocorre o lançamento.

OSRV Fernando de Noronha

Para ilustrar melhor as fases de lançamento de uma embarcação, o Pelicano acompanhou o OSRV Fernando de Noronha em sua fase de pré-lançamento. A embarcação do tipo OSRV (Oil Spill Recovery Vessel, navio responsável por combater vazamentos de óleo) , de 67,1 metros de comprimento por 14 metros de boca, foi construída no estaleiro Guarujá I (da Wilson Sons), com investimento de aproximadamente US$ 40 milhões da OceanPact, empresa brasileira especializada no gerenciamento e resposta a emergências nos ambientes marinho e costeiro. Com soluções inovadoras, funcionais e confiáveis, atua nas áreas de: consultoria, treinamento (com acreditação pelo Nautical Institute), afretamento e operação de embarcações, gerenciamento e resposta a emergências, fornecimento de tripulações especializadas e Marine Survey (oceanografia, geofísica e geotécnica).IMG_1257

A empresa vem crescendo na parte de ensino à distância através da Plataforma Cross Collage, que busca melhor preparar seus funcionários para lidar com a rotina e exigências mercantes, conceitos de sistema integrado, QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde), cursos para trabalhar em espaço confinado e trabalho em altura; tudo com ótica operacional e de ascensão do funcionário.

Projetado pela Damem, com o auxilio do Engenheiro Naval e Diretor Técnico da OceanPact Ricardo Menezes, e com contrato fechado por 8 anos com a Petrobras, Fernando de Noronha, navio diesel-elétrico, com motor Caterpillar, geradores Weg, motores elétricos Weg, propulsores Rolls-Royce, DP Kongsberg, barreiras de contenção e skimmers ponta de linha, parte eletrônica de detecção de óleo (radar, câmera e luzes de reflexão de oleosidade) de última geração, com capacidade de armazenar 1050 m³ de óleo recolhido, promete ser um forte agente na recuperação de resíduos.

A tripulação

A tripulação de um barco mercante é dividida em dois setores: Convés e Máquinas. Cada tripulante é responsável por uma função que vai desde limpeza, pintura e conservação até manutenção de equipamentos e domínio em manobras, sendo de extrema importância uma boa interação entre os postos.

(Foto: Al. Tainah Santana/ Jornal Pelicano)
(Foto: Al. Tainah Santana/ Jornal Pelicano)

Ela é formada por 12 tripulantes: Comandante, Imediato, Oficial de Quarto de Navegação, Chefe de Máquinas, Oficial de Quarto de Máquinas, Marinheiro de Máquinas, Eletricista, dois Marinheiros de Convés, Moço de Convés, Cozinheiro, Taifeiro. O barco reveza seu posto de comandado entre os Comandantes CCB Armando Raposo e CLC Walter Simões.

Como aluna da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) tive o privilégio de embarcar no OSRV Fernando de Noronha para conhecer as instalações, novas tecnologias, navegar sob o comando do experiente Comandante Walter na Baía de Guanabara, e apreciar a excelente comida de bordo, junto à tripulação que foi montada desde os retoques finais no estaleiro, para encarar o início da jornada de gerenciamento de emergências ambientais.

A festa

Seguindo a Tradição Naval, o Presidente Flávio P. de Andrade promoveu uma Cerimônia de Lançamento do Navio, no dia 26 de abril de 2016, no Píer Mauá. Contando com a presença de diretores, sócios, investidores, amigos, Comandantes, Chefes de Máquinas e demais funcionários da empresa, juntamente de seus familiares e alunos da EFOMM. Os convidados para a festa foram recebidos com decoração de qualidade, música ambiente, buffet liberado e bebidas de todos os gostos. O clima era de comemoração!

(Foto: Al. Tainah Santana/ Jornal Pelicano)
(Foto: Al. Tainah Santana/ Jornal Pelicano)

Em seu discurso, o Presidente da OcenPact agradeceu a presença de todos e levantou questões como a importância da confiança dos colaboradores, sócios e funcionários para a empresa chegar onde está e continuar crescendo através de contratos, construção de barcos, geração de empregos e combate às emergências ambientais.  Lembrou também das primeiras conquistas de embarcações e de nomes que estão na empresa desde a fundação em 2007. Na época, ainda era especialista em consultoria, posteriormente em derramamento de óleo, até que virou uma empresa de navegação. Contando a trajetória do Fernando de Noronha, destacou o relevante apoio do Fundo de Marinha Mercante e da Dynamo BNDES, e saudou o IBAMA, INEA e a Marinha do Brasil pelo apoio.

Agradeceu a Wilson Sons pelos lotes no estaleiro e a prioridade da Petrobras de fornecer contratos longos com empresas brasileiras, possibilitando o crescimento nacional. Por fim, ofereceu um drink ao Noronha, que tem como madrinha Erlane Orphao, secretária da diretoria. Por fim, reconheceu a paciência das famílias dos funcionários e abriu o portaló para quem quisesse ter o prazer de conhecer o barco.