Praticantes-alunos completam Estágio de Instrução em navios da MB

Atracatex acontece em 12 navios da Esquadra, com 24 grupos de praticantes, por 5 dias para cada um deles. Futuros oficiais mercantes conhecem procedimentos, manobras, exercícios e departamentos de um navio de guerra. F União e NT Marajó realizam operações navegando. Comandante do CIAGA faz questão de se reunir com Turma CLC José dos Santos Silva uma última vez, no Auditório Almirante Newton Braga.

Praticantes-alunos recém-formados durante o Estágio de Instrução (Atracatex) 2016. (Montagem: Jornal Pelicano)

Desde o dia 5 de janeiro até esta sexta-feira, dia 29, enquanto candidatos-alunos participavam do Período de Adaptação, 227 Praticantes-alunos de Oficias de Náutica (PON) e Máquinas (POM) da Turma Capitão-de-Longo-Curso (CLC) José dos Santos Silva, recém-formados na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM) pelo Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), no Rio de Janeiro, realizavam  a bordo de 12  navios da Esquadra da Marinha do Brasil (MB), o Estágio de Instrução (EI). Mais conhecido como Atracatex, o EI é a última etapa do curso do Núcleo de Formação de Oficiais da Reserva da Marinha (NFORM) e completa a formação militar-naval dos futuros oficiais da Marinha Mercante do Brasil.

Em cada semana desse mês, 6 grupos diferentes de praticantes, com o máximo de 10  integrantes, foram distribuídos por navios de guerra de classes e tipos diferentes da esquadra naval. Apesar da experiência não ter sido homogênea em relação às características dos barcos – que não possuem estruturas físicas iguais – todos cumpriram um mesmo programa de aprendizado ao longo de até 5 corridos dias a bordo das embarcações da Força.

Praticantes-alunos observam exercícios de CRASH e conhecem departamentos de máquinas da F UNião, na Atracatex 2016. (Montagem: PON Alessandro Freire / Jornal Pelicano)

Em geral, eles observaram alguns exercícios de rotina executados nas belonaves da MB, como os de controle de avarias (CAV), os de manobras de atracação e desatracação (mourrage), os de recepção crítica de aeronaves (CRASH) e os de resgate de homem ao mar (MOB). Além disso, conheceram os principais departamentos de um navio de guerra, como os de comunicação, de sensoriamento radar e armamentos, de navegação e de máquinas. Igualmente, todos tiveram uma visão geral sobre como funciona e se organiza um navio da esquadra brasileira, sendo esse o principal objetivo do período.

“Achei bastante proveitoso mesmo alguns exercícios como os de CAV e os de MOB”, declarou o PON Gonçalves, que embarcou na Corveta (Cv) Inhaúma, entre os dias 5 e 8. “São praticamente iguais aos exercícios de combate a incêndio e aos procedimentos de resgate que aprendemos na EFOMM”, refletiu, notando que há a diferença de nos navios mercantes, por haver menos tripulantes, várias funções de uma equipe de emergência serem acumuladas por uma pessoa só. Gonçalves, no entanto, pontuou que parte do que viu só tem aplicação em navios de guerra. “Sei que é pra isso que estamos aqui.”

Praticantes-alunos observam manobra de atracação da F Independência, na BNRJ. (Montagem: Jornal Pelicano)
Praticantes-alunos observam manobra de atracação da F Independência, na BNRJ. (Montagem: PON Alessandro / Jornal Pelicano)

‘Navegatex’ para os que suspenderam e navegaram

A maior parte dos grupos realizou o EI com os navios atracados ou na Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), na Ilha de Mocanguê, em Niterói, ou no Arsenal de Guerra da Marinha (AGM), no centro da cidade do Rio. No entanto, alguns deles tiveram a oportunidade de participar de missões em navegação. O Navio-Tanque (NT) Marajó suspendeu para realizar uma manobra de abastecimento, entre os dias 18 e 21, em apoio à “Operação ASPIRANTEX 2016“. Nessa última semana, a Fragata (F) União, também, executou uma entrada e saída da Baía de Guanabara, num teste de rotina que o navio realizou em suas máquinas. Os praticantes escalados para ambos navios acompanharam todas as manobras.

“Tivemos a experiência de navegar acompanhando o funcionamento do passadiço com todos os equipamentos e com o prático!”, declarou o PON Xavier, que navegou junto à F União, no dia 28. Ele explicou que, devido ao nevoeiro que tomou conta do litoral da cidade do Rio, eles tiveram que realizar uma navegação completamente por radar, tendo que utilizar muitos dos recursos e conhecimentos que viram na Escola. “Enquanto estávamos na Baía, dava para ver tudo, igual no simulador do Grêmio de Náutica, mas depois que passamos da Ilha de Contunduba, os navios sumiram, entrou um nevoeiro e ficou tudo branco, não víamos nada além de 1 quilômetro, volta e meia aparecia o contorno de um navio gigante, mas foi tudo pelo radar, ECS e AIS!”

Praticantes posam para fotos com tripulantes do NT Marajó e publicam nas redes sociais. (Reprodução: PON Ana Luiza / Facebook)
Praticantes posam para foto com tripulantes do NT Marajó e publicam nas redes sociais. (Reprodução: PON Ana Luiza / Facebook)

O POM Alcoforado, que teve a sorte de compor o grupo que suspendeu com o NT Marajó, reformado em 2009 e único do tipo em operação da MB, comentou como a experiência da Atracatex lhe foi proveitosa: “Como maquinista, pude ver a partida dos motores, que ainda que sejam da década de 60, continuam funcionando; deu para ter, ainda, uma noção geral de como é a rotina da tripulação do navio.” Além disso, para ele, foi grandiosa a oportunidade de ver as bombas em faina de transferência de óleo, operação muito comum no Offshore.

Um último reunir no CIAGA

No primeiro dia da semana de cada grupo, os praticantes-alunos se encontraram no CIAGA para uma última palestra com o Exmo. Sr. Comandante, C. Alte. Gilberto Cezar Lourenço, no auditório Almirante Newton Braga, antes de partirem cada um para seu navio designado do Estágio de Instrução. Eles receberam algumas orientações específicas quanto ao Atracatex, suas situações “pós-formados” e de algumas medidas tomadas para minimizar o tempo na fila de espera para a praticagem.

Desde a Cerimônia de Declaração de Praticantes-alunos, em 10 de dezembro de 2015, todos passaram à patente de Guarda Marinha (RM-2) a qual permanecem até o cumprimento do Estágio de Instrução e assinatura de portaria pelo Comando do CIAGA lhes licenciando do Serviço Ativo da Marinha (LSAM). Nessa ocasião, passam a compor a Reserva da Marinha Não Remunerada estando, aptos, portanto, a iniciarem o Programa de Estágio (PREST) a bordo de navios mercantes, mais conhecido como praticagem. O vínculo com o Centro de Instrução permanece, porém, até cada um deles terminar o estágio junto às empresas de navegação conveniadas tornando-se habilitados, enfim, a tripularem os navios mercantes brasileiros como Segundos Oficias de Náutica (2ON) e Máquinas (2OM).

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Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.