Após quase seis meses detido no porto do Rio Grande, o drama a bordo do navio Adamastos continua. Falta de abastecimento, problemas mecânicos e uma tripulação com danos psicológicos norteiam a presença do cargueiro de bandeira liberiana e armador grego no Sul do Brasil.

O MV Adamastos está desde julho de 2014 impedido pela Marinha de deixar o país por suas dívidas e problemas técnicos. Ao zarpar do porto no ano passado rumo à China, a embarcação encalhou nas proximidades, fato que não é incomum devido às características do canal, segundo informações da Superintendência do Porto do Rio Grande, mas que é facilmente resolvido com auxílio de rebocadores. Porém, ao serem constatadas 42 irregularidades, dentre elas, 37 de máquinas, além das tarifas portuárias e serviços em débito, o cargueiro foi detido.

Seus 23 tripulantes, sendo um deles em ilegalidade, estavam responsáveis por transportar 54 mil toneladas de soja correspondentes ao valor de 18 milhões de dólares. No entanto, devido à demora, dois dos porões de carga já estão comprometidos. Eles são de nacionalidades russa, romena, grega, indonésia, ucraniana, egípcia e georgiana, e para acrescentar ao ocorrido, têm seus salários atrasados.

O medo de desembarcar e correr o risco de não receber seus pagamentos junto a dificuldade das lanchas de alcançarem o navio fez com que a tripulação vivesse em condições precárias. A escassez de água, comida e eletricidade pressionavam os marítimos a desembarcar, mesmo após as orientações do ITF (International Transport Workers’ Federation) para permanecer até que as dívidas trabalhistas estimadas em 310 mil dólares fossem regularizadas.

Em meio aos problemas, Órgãos do Estado acompanham todo o caso tomando as providências administrativas possíveis. A 1ª Vara do Trabalho do Rio Grande determinou que a armadora, as agências marítimas e a proprietária da carga enviassem os mantimentos necessários, sujeitos à multa. Da mesma forma, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região exigiu a troca da tripulação, o conserto da embarcação e a retirada da carga.

No dia 24 de Janeiro as últimas 11 pessoas à bordo foram levadas para terra vencidas pelo cansaço e estresse, após o restante dos trabalhadores ter sido repatriado em oportunidades anteriores. Em pronunciamento, a Advocacia Geral da União declarou arriscado deixar o navio sem ninguém, pois passaria a oferecer riscos à segurança da navegação e ao meio ambiente. Assim, o 5º Distrito Naval assumiu o controle da embarcação até que as empresas envolvidas tomassem as medidas necessárias.

FONTEG1
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Aluno do 3º ano do curso de náutica da EFOMM e Comodoro do Grêmio de Vela e Remo