Na segunda edição da série Acidentes Navais, o Jornal Pelicano continua trazendo as últimas notícias a respeito das catástrofes que tomaram dos mares e rios do mundo. Do começo do século passado até o início deste ano, exploramos casos misteriosos que até hoje não possuem explicação e outros que ainda estão em investigação.

MV CemfjordThe upturned hull of the Cypriot-registered cargo vessel Cemfjord in the sea 15 miles from Wick in northeast Scotland on Saturday.

Bandeira: Chifre

História: Outra vez o mau tempo agoura os mares. O cargueiro Cemfjord, que até 2004 era conhecido como Margareta, transportava duas mil toneladas de cimento da Dinamarca para a Inglaterra.

Consequências: Às 14:30 da tarde de sábado (03/01/2015) o navio foi visto emborcado a 15 milhas de Wick, Escócia, mas afundou no dia seguinte. Nenhum dos oito tripulantes foi encontrado.

MV Tritonica

Bandeira: Reino Unido

História: A tragédia na verdade não envolveu apenas o Tritonica, mas também outras duas embarcações. Pouco antes das 03:00 da madrugada de 20 de Julho de 1963, devido à escuridão e a uma densa neblina que cobria o rio São Lourenço, nos EUA, ocorreu um abalroamento entre os navios Tritonica e Roonagh Head.

Consequências: As condições de visibilidade estavam tão prejudicadas na hora do acidente que os tripulantes não tiveram tempo para se preparar. 18 corpos foram recuperados do Tritonica, no entanto, 15 ainda permanecem desaparecidos. O Roonagh conseguiu salvar todos os que estavam a bordo.

Infelizmente as consequências não terminam aqui. Mesmo tendo afundado completamente em apenas oito minutos, a superestrutura do Tritonica ainda estava a uma profundidade muito pequena, fazendo com que um terceiro navio, o espanhol Conde de Fontamar, a atingisse ao passar pelo local. Felizmente, o Conde também conseguiu salvar toda a sua tripulação.

SS Carl D. BradleySS Carl D. Bradley (Courtesy Wikipedia)

Bandeira: Estados Unidos

História: O “Queen of the Lakes”, como era chamado o SS Carl D. Bradley, conheceu seu trágico fim graças a uma tempestade que ocorreu em 18 de Novembro de 1958.

O navio ganhou seu apelido por ter sido por 22 anos, de 1927 a 1949, o maior e mais longo a operar na área dos Grandes Lagos, nos EUA, superado apenas pela chegado do SS Wilfred Sykes. Ele transportava principalmente calcário, mas, devido ao seu tamanho, uma vez ao ano era solicitado para quebrar o gelo que se formava no inverno.

O principal motivo para o acidente, apesar de ter sido o mau tempo, mascara uma série de acontecimentos anteriores que contribuíram para essa tragédia. Primeiramente, sem que fosse reportado, o navio sofrera um abalroamento com o MV White Rose e dois encalhes. Como não houveram perdas significativas, pouca atenção foi dada aos fatos, mas as autoridades desconfiaram que estes contribuíram significativamente para o enfraquecimento do casco, que se partira ao meio durante a tempestate.

O risco desnecessário, também, contribuiu para o azar. Os ventos em Buffington, Indiana, porto de onde o navio saía para a última viagem do ano, ultrapassavam 35 milhas por hora. Em Chicago, as temperaturas caíam mais de 20 graus em um dia. De Texas a Ilinóis, 30 tornados haviam sido avistados. Mesmo assim, o capitão Roland Bryan, 52, partiu, no dia 17 de Novembro.

Com ventos de mais de 65 milhas por hora, o Bradley aparentava estar lidando bem com o mau tempo, até que um grande baque foi ouvido. O navio se partiu ao meio tão rápido que os botes salva-vidas não puderam ser lançados ao mar a tempo.

Consequências: Dos 35 tripulantes, apenas dois se salvaram. 18 corpos foram encontrados, mas 15 permanecem desaparecidos. Como 23 dos mortos pertenciam a Rogers City, Michigan, uma cidade com apenas 4000 pessoas à época, a tragédia comoveu bastante sua população. No 49º aniversário do acidente, o sino do navio foi recuperado e doado à cidade.

Don

Bandeira: Estados Unidos

História: Essa embarcação de lazer desapareceu em meio a uma neblina em 29 de Junho de 1941, deixando para trás um rastro de morte e mistério.

Nada se sabe das causas do acidente. Presume-se que, em meio à neblina, o navio tenha sofrido uma explosão, afundando no mar no caminho para a ilha Monhegan, nos EUA.

Consequências: Apenas uma parte da proa foi encontrada até hoje. Nada se sabe do que realmente o correu ao navio, nem tampouco às 34 pessoas que estavam a bordo, entre passageiros e tripulantes. Por anos, buscas foram conduzidas, levando inclusive à confecção de documentários e livros a respeito do ocorrido, mas nada novo foi descoberto.

Marco na história da marinha, o desastre serviu de catalisador para que leis a respeito da segurança de passageiros e da própria navegação fossem criadas.

SS SecheltFile:Sechelt (steamboat) (ex Hattie Hansen) ca 1910.jpg

Bandeira: Estados Unidos

História: A série dessa semana termina com a história deste navio a vapor que operou no Lago Washington, no estuário de Puget, nos Estados Unidos, e no Estreito de Geórgia, no Canadá, entre os anos de 1893 e 1911.

Em 24 de março de 1911, o capitão H. B. James com quatro tripulantes e 33 passageiros do porto de Victoria, Canadá, indo para William Head, onde deixou 13 passageiros.

Em seguida, o Sechelt voltou para o mar, passando pelo estreito de Juan de Fuca, onde foi atingido por fortes ondas e ventos.

Henry Charles e sua esposa Anna Charles, que moravam em Beacher Bay Reserve, Vancouver, testemunharam o acidente, fornecendo uma incrível narrativa. Segundo Henry, o navio foi atingido por uma onda gigante por boreste, que o fez inclinar-se quase 45° na direção oposta. A onda seguinte o forçou ainda mais para bombordo, mas foi na terceira que a embarcação finalmente virou. Mesmo assim, dois minutos depois, o Sechelt voltou à sua posição de equilíbrio, apenas para, cinco minutos mais tarde, afundar.

Consequências: Nenhuma pessoa sobreviveu ao acidente, bem como nenhum corpo foi encontrado.

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Aluno do terceiro ano de Náutica, atualmente é o Vice-Presidente do Jornal Pelicano.