O Diário do Pratica é uma série de matérias que o Jornal Pelicano está trazendo em colaboração com Praticantes a bordo de diversos navios. Dessa vez, é a praticante de oficial de náutica Angélica da turma de 2011-2013, há, aproximadamente, um mês a bordo do navio Aliança Manaus, que contribui com um novo relato. Ela conta sobre as primeiras atividades logo após o embarque, a rotina de serviço, a importância do inglês e se está sofrendo algum tipo de preconceito. Sejam bem-vindos a bordo!
 
 

“Sou a Praticante de Oficial de Náutica Angelica e estou escrevendo para o Diário do Pratica para contar um pouco da minha experiência.”

 
“A Aliança ofereceu 3 vagas para Náutica. Após o CIAGA ter passado os nomes para a empresa, foi bastante rápido o embarque. 
… o imediato me pediu que colocasse o macacão e já fosse para o convés…
 
Embarcamos, eu e a Praticante Vanda, no dia 07 de março. Estamos no mesmo navio. Eu cheguei algumas horas antes dela e como o navio estava em operação de carga, o Imediato me pediu para que colocasse o macacão e já fosse para o convés tirar serviço junto com o 1ON. Foi bem legal, pois já pude ter uma ideia de como funciona a operação. E o marinheiro de convés também aproveitou para me mostrar o navio. Falou em 20 minutos todos aqueles nomes que levamos o semestre inteiro para (tentar) aprender em ARQ, no primeiro ano de EFOMM. 
 
À noite, o 2ON fez uma familiarização do navio conosco. Mostrando-nos coisas básicas como onde é o ponto de encontro em caso de emergência, como vestir o colete salva-vidas, onde fica a baleeira e bote de resgate, entre outras coisas. Neste mesmo dia, já começamos a tirar serviço. Quando o navio está navegando, tiramos serviço no passadiço e, quando o navio está atracado, em operação de carga e descarga, no convés.
 
Muita gente me perguntou como funciona o serviço por aqui. É dividido em quartos, como na Escola. Quando estamos no passadiço, [é preciso] ficar atento à navegação em si. E, quando no porto, observar o correto carregamento dos contêineres, prestar atenção à avarias, peação…
 
Nos primeiros dias, a gente fica perdido achando que são muitas coisas para se fazer ao mesmo tempo…
 
Nos primeiros dias, a gente fica meio perdido achando que são muitas coisas para se fazer ao mesmo tempo e que não sabemos muito. Mas logo você vai percebendo que é questão de tempo e que aprender com a prática se torna muito mais fácil. E a confiança também vai vindo.
 
[O inglês] É, sim, importante. […] Muitas vezes … precisamos falar com outras embarcações […] e, nem sempre, eles falam português.
 
Muita gente me perguntou quanto ao inglês. É, sim, importante. A tripulação aqui é praticamente toda brasileira, com exceção do 1ON que é peruano. No entanto, muitas vezes, quando estamos navegando, precisamos falar com outras embarcações para combinar manobra e, nem sempre, eles falam português. Na maioria, na verdade, essa comunicação é em inglês. Sem falar nos avisos meteorológicos, publicações, manuais que são em inglês, também. 
 
Quanto às outras matérias, usamos todas as que tivemos na Escola relativo à Segurança e Salvatagem. Mas se você já passou por alguma matéria dessas e não se lembra de nada… tudo bem, também. À bordo dá para você correr atrás do prejuízo.
 
As instalações do navio são bastante confortáveis, a comida é deliciosa, tem academia (não é muito grande, mas quebra o galho).
 
 
E quanto a desembarcar, aqui neste navio é bem tranquilo. Sempre quando paramos nos portos podemos sair, desde que não esteja no nosso horário de serviço. A rota daqui tem sido Rio – Santos – Suape – Pecém – Salvador. Antes de nós embarcamos, este navio também estava fazendo Manaus, Itapoa, Paranaguá e Argentina. Mas, pelo menos até maio, não temos previsão de voltarmos a esses portos.
 
Nossa estadia nos portos não costuma ser muito demorada, ficando em torno de 6 a 30h.
 
Estou gostando bastante da Aliança. É uma empresa que costuma contratar após a praticagem. Ah, já ia me esquecendo… outro ponto que julgo bastante positivo é a escala, aqui é 56×56. Quanto ao regime durante a praticagem, ficou a nosso critério: 360 dias direto, dois blocos de 6 meses…
 
A tripulação daqui é bem tranquila. […] Não enfrentamos nenhum tipo de preconceito.
 
A tripulação daqui é bem tranquila, também, e estão todos sempre dispostos a ajudar e ensinar. Não enfrentamos nenhum tipo de preconceito. E tenho visto muita gente falando que fez serviço de pintura, bateu ferrugem, entre outras coisas. Aqui, eles estão nos tratando como Praticantes de Náutica. Acompanhamos e auxiliamos os oficias. Inspeções, exercícios de abandono, exercícios de combate a incêndio, inventários. Estamos, realmente, sendo preparadas para as funções que assumiremos.
 
Sem dúvidas, nesses quase 30 dias embarcada, eu aprendi mais do que nos 3 anos de Escola. Ver como as coisas funcionam na prática é bem diferente. E sobre a profissão, estou adorando o fato de nunca cairmos na rotina. Cada dia é um dia…
 
Boa sorte a todos e nos vemos por esses mares!”
 
PON – Angélica
 
 
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Segundo Oficial de Náutica e Membro Honorário do Jornal Pelicano e Grêmio de Vela e Remo. Foi aluno da EFOMM entre 2013 e 2015, Adaptador-aluno, Atleta da Equipe de Natação, Monitor dos Grêmios de Náutica e Informática, Escritor e Vice-presidente do Jornal Pelicano.